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João Santa com Dilma em foto de 2010. | ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO
João Santa com Dilma em foto de 2010.| Foto: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO

Os investigadores da Lava Jato acreditam que os pagamentos feitos no exterior aos publicitários João Santana e Mônica Moura serviram para quitar dívidas de campanhas petistas. As transferências ocorreram entre abril de 2012 e novembro de 2014. Neste período, os publicitários comandaram a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff. A eleição está sendo contestada pela oposição que encaminhou quatro pedidos de cassação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por supostas irregularidades ocorridas durante a disputa em 2014.

Nesta segunda-feira (22), a Polícia Federal deflagrou a 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Acarajé. Os investigadores encontraram indícios do pagamento de US$ 7,5 milhões ao casal feitas pelo operador Zwi Skornicki e por contas vinculadas a Odebrecht. De acordo com as investigações, entre setembro de 2013 e novembro de 2014, Zwi transferiu US$ 4,5 milhões em nove transações para conta mantida no exterior por João Santana e Mônica Moura.

Os primeiros indícios da participação do casal no esquema apareceram para os investigadores durante busca e apreensão em endereço do consultor Zwi Skornicki quando foi encontrado um documento manuscrito enviado pela mulher de Santana. No papel, Mônica Moura aponta duas contas, uma nos Estados Unidos e outra na Inglaterra.

A conta dos publicitários onde a Lava Jato encontrou o rastro de pagamento de propina está em nome da offshore panamenha Shellbill Finance SA e não teria sido declarada às autoridades brasileiras. No ano passado, assim que surgiram os primeiros indícios de pagamentos a Santana, o publicitário admitiu ter contas fora do país, mas disse que elas foram declaradas à Receita Federal.

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Envolvimento

Já as transferências da Odebrecht, cerca de US$ 3 milhões, ocorreram entre abril de 2012 e março de 2013. Os repasses foram feitos através da offshores Klienfeld e Innovation que já são investigadas na Lava Jato por pagarem propinas para os diretores da Petrobras Renato Duque, Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada e Nestor Cerveró. A força tarefa da Lava Jato afirma que há “indicativos consistentes” de que os repasses eram propina oriunda da Petrobras que foi transferida aos publicitários em benefício do PT.

De acordo com os procuradores da Lava Jato, as investigações revelam ainda novas provas do possível envolvimento de Marcelo Odebrecht. Eles acreditam que o empresário tinha o controle sobre os pagamentos feitos no exterior por meio de offshores. As contas eram controladas pore Hilberto Mascarenhas Alves Silva Filho e Luiz Eduardo Rocha Soares e Fernando Miggliaccio da Silva.

Há indicativos de que Luiz Eduardo e Fernando Migliaccio chegaram a fugir do Brasil após as buscas e apreensões feitas na Odebrecht em junho do ano passado. Os investigadores acreditam que Migliaccio recebeu orientação da empresa para fugir. Odebrecht, segundo os investigadores, pagou suas despesas de mudança e manutenção no exterior.

Operador

Zwi Skornicki é investigado na Lava Jato por ser um dos operadores financeiros que pagaram propinas para funcionários do alto escalão da Petrobras e da Sete Brasil, Duque e os ex-gerentes Pedro Barusco e Eduardo Musa. Entre 2003 e 2013, ele pagou mais de uma dezena de milhões de dólares em propina em transferências feitas no exterior. Segundo delatores da Lava Jato, os pagamentos foram feitos em benefício de contratos bilionários feitos pela empresa Keppel Fels com a Petrobras e Sete Brasil.

João Santana, Mônica Moura e Zwi Skornicki tiveram a prisão decretada. A Polícia Federal cumpre mais de 50 mandatos de busca e apreensão nas sedes da Odebrecht no Brasil e nas residências e escritórios dos três.

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