O ex-diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) Luiz Antonio Pagot disse nesta sexta-feira (8) que "está à disposição" da CPI do Cachoeira para prestar depoimento. Existem pelo menos nove requerimentos para a sua convocação que ainda não foram apreciados pelo plenário da comissão. Alguns deputados e senadores querem que esses requerimentos sejam pautados na próxima reunião administrativa da comissão, marcada para a próxima quinta.
"Estou no interior, mas ao inteiro dispor da CPI para prestar depoimento", disse Pagot, em entrevista à Agência Brasil. Ele evitou falar sobre quem tem interesse em impedir seu depoimento. "Não quero falar sobre isso. Só quero mesmo dizer que estou inteiramente à disposição da CPI para prestar esclarecimentos."
Na opinião do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Pagot tem muito a contribuir com a comissão. "Ele teria que falar de imediato, pode dar detalhes sobre as relações que existem nos bastidores entre as empreiteiras e os governos estaduais'', destacou o senador. "Estamos perdendo tanto tempo com quem não quer falar. Por que não ouvir quem quer?", questionou.
O depoimento de Pagot passou a ser considerado urgente por alguns integrantes da comissão, após ele ter denunciado o uso de verbas públicas para formação de caixa 2 de campanhas eleitorais em São Paulo. A denúncia foi feita em entrevista à revista "IstoÉ", na qual ele se referiu a um suposto esquema de desvio de verba na obra do Rodoanel para as campanhas de José Serra à Presidência e de Geraldo Alckmin ao governo paulista em 2010. Pagot também disse, em entrevista à revista "Época", que contrariou interesses do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que está preso em Brasília, e da Construtora Delta quando estava à frente do Dnit.
Pagot foi afastado do cargo de diretor-geral do Dnit após uma série de denúncias de corrupção no órgão, que derrubaram ainda o então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM) e abriram uma crise política entre o PR e a presidenta Dilma Rousseff. Alfredo Nascimento reassumiu o cargo de senador após deixar a Esplanada dos Ministérios.
O senador Randolfe Rodrigues criticou a posição do relator Odair Cunha (PT-MG) de não pautar os requerimentos de convocação. "Tudo que tem interface com a Delta tem sido sobrestado. Esses pedidos de convocação fazem parte de um conjunto de outros requerimentos que não são colocados para serem apreciados. Não tenho como avaliar de outra forma a não ser a intenção de blindagem da Delta'', disse o senador.
O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), também é a favor da ida de Pagot à CPI. Ele destacou que, no primeiro dia de trabalho da comissão, apresentou um requerimento de preferência de votação e cobrou do presidente, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a apreciação do texto. Segundo ele, o presidente se comprometeu a colocar o pedido em análise na próxima reunião. "Não pedi só a vinda do Pagot como testemunha, mas também a do ex-presidente da Delta Fernando Cavendish", acrescentou Álvaro Dias.
O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse que na próxima segunda-feira a bancada do PT na Câmara se reunirá para deliberar sobre esse assunto e outros relacionados à CPI. "Se o relator for a favor, eu também serei", disse Vaccarezza. "A princípio eu acho que não deveríamos chamá-lo, porque fugiria do foco da CPMI. Mas, se ele quer comparecer para esclarecer alguma coisa, tem todo direito", completou.
A Agência Brasil tentou falar, por telefone, com o relator da CPMI, deputado Odair Cunha, e com o presidente Vital do Rêgo, no entanto, mas não obteve retorno.
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