Veja alguns trechos da entrevista concedida em Guarapuava
Do acidente à renúncia
O acidente aconteceu na madrugada do dia 7 de maio. O deputado dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Após a colisão, os carros foram parar em uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros. Os dois ocupantes do Honda, morreram no local.
O acidente ganhou repercussão nacional após a Gazeta do Povo revelar que Carli Filho tinha 130 ponto na carteira de habilitação e do exame do Instituto Médico Legal informar que ele conduzia o veículo em estado de embriaguez. O caso resultou na primeira renúncia de um deputado estadual na história do Paraná. Além disso, expôs um histórico de multas de políticos e de 68 mil cidadãos que dirigiam com a carteira de habilitação suspensa.
Depois da colisão, o governo do estado anunciou que passaria a "caçar" os motoristas não devolvessem carteiras de habilitação suspensa 48 horas depois de serem notificados. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) anunciou que poderia inclusive prender sob flagrante de crime de desacato quem não devolvesse o documento.
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Fernando Ribas Carli, prefeito de Guarapuava e pai do ex-deputado estadual Fernando Carli Filho, falou publicamente, nesta terça-feira (23), sobre o acidente provocado pelo filho no dia 7 de maio em Curitiba, que resultou na morte de dois jovens. Ribas Carli afirmou que se o processo comprovar que o filho errou, ele deve ser punido. No entanto, o prefeito não descartou a possibilidade do ex-deputado voltar ao cenário político e disse que o filho estaria pensando em escrever um livro.
Um mês e meio depois do acidente, o ex-deputado está se recuperando bem e não apresenta sequelas. "Ele se movimenta, ele enxerga perfeitamente bem, não teve nenhuma lesão cerebral e vem se recuperando dos procedimentos cirúrgicos que sofreu. Nós acreditamos que com o passar do tempo ele vai ficar normal na sua aparência, tendo em vista que o impacto todo foi no rosto e no crânio", contou. O ex-deputado está em Guarapuava e deve ir a São Paulo periodicamente para se consultar.
Questionado se a carreira política do filho estaria encerrada, Ribas Carli não descartou a volta do ex-deputado. "Eu não diria que acabou se ele tem 26 anos. Por que acabou? Se ele teve um acidente, vamos aguardar o resultado do inquérito e depois o processo. Se estivéssemos pensando em política, no cargo dele, ele não teria renunciado. Nós não estamos pensando em campanha, não estamos pensando em política. Na verdade, a tragédia causou só uma interrupção na carreira que ele iniciou que foi brilhante", argumentou.
Segundo Ribas Carli, o filho tem um lapso de memória e não consegue se lembrar de nada do que aconteceu. "Ele não se lembra de fatos que ocorreram no dia anterior ao acidente e do que ocorreu no acidente. Ele passa a lembrar, com dificuldades, de coisas que aconteceram depois que saiu da UTI", explicou. O ex-deputado só teria ficado sabendo que duas pessoas morreram no acidente quando foi para unidade semi-intensiva e pode acompanhar o caso pela televisão. "Ele não sabia de nada e eu contei a ele. Falei que ele tinha se envolvido num acidente grave e que tinham acontecido mortes".
Apesar de não se lembrar dos fatos, Carli Filho estaria pensando em escrever um livro. "Ele está falando em escrever um livro. A pessoa entra em um momento de introspecção. Ele vai falar sobre isso. Primeiro ele tem que ter condições psicológicas, mas agora ele não tem condições", disse o prefeito.
O prefeito negou que o filho estivesse com a carteira de motorista suspensa. Segundo ele, nunca houve notificação oficial para a entrega do documento. Um levantamento feito pela Gazeta do Povo no Detran mostrou que o ex-deputado estava com 130 pontos na carteira.
Sobre a velocidade e o consumo de bebidas alcoólicas, Ribas Carli disse que sempre recomendou aos filhos a não beber e a andar devagar. O exame do Instituto Médico-Legal mostrou que o ex-deputado tinha quase quatro vezes mais álcool no sangue que o permitido pela lei. O carro em que ele estava "decolou" e "voou" por dez metros antes de se chocar com o outro veículo. A conclusão é dos peritos que fizeram a reconstituição do acidente.
O prefeito também negou que possa ter ocorrido qualquer adulteração nas fitas do posto de combustíveis que mostram as cenas do acidente. "Nós ficamos sabendo da fita pela imprensa", disse, acrescentando que não acredita na possibilidade de que tenha ocorrido um racha com outro veículo.
Sobre as perspectivas de punição, o prefeito alegou que é preciso esperar a conclusão do inquérito. "Tem que ser ouvidas testemunhas, juntados os laudos que não foram feitos. Quem vai oferecer a denúncia é o Ministério Público e dessa denúncia cabe recurso. Ainda é prematuro falar sem estar o inquérito concluído".
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