A terça-feira promete ser difícil para o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que continua sob fogo cerrado no próprio governo. Se na audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, na semana passada, ele foi poupado pela oposição e indagado apenas sobre política econômica, a situação deverá ser diferente nesta terça, na Câmara. Os parlamentares se preparam para falar não apenas de ajuste fiscal e contingenciamento de verbas, mas também sobre as denúncias de corrupção e caixa dois quando ocupava a prefeitura de Ribeirão Preto.

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Pela manhã, Palocci foi convocado para dar explicações à Comissão de Finanças e Tributação sobre as razões pelas quais o Ministério da Fazenda negociou e pagou suposta dívida de R$ 1,4 bilhão do Ministério da Previdência com bancos públicos e privados responsáveis pela arrecadação de contribuições e pagamentos de aposentadorias. O pagamento foi autorizado pela Portaria 441/04, assinada por Palocci.

À tarde, ele fala na comissão especial criada para analisar o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Segundo Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), presidente da Comissão de Finanças e Tributação, a estratégia do PFL e do PSDB de não fazer perguntas ao ministro sobre seu envolvimento em denúncias e na crise política, durante o depoimento à CAE, foi equivocada. A intenção da oposição foi forçar Palocci a ser convocado a depor CPI dos Bingos, que decide, também nesta terça, se o convoca ou não.

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- Se a CPI tem dúvidas sobre o comportamento do ministro, deve convocá-lo para depor. Mas isso não deve impedir que ele fale sobre o assunto na Câmara. A posição do PSDB e do PFL não foi de oposição. Deixaram Palocci ficar doutrinando sobre política econômica no Senado - afirmou Geddel.

Segundo o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), ainda não há acordo entre seu partido e o PSDB para manter a estratégia usada no Senado. Mas Maia afirmou que Palocci deve ouvir mais críticas em sua visita à Câmara. O líder do PFL destacou que, como Palocci antecipou a ida à CAE, marcada para esta terça mas realizada no dia 16, houve pouco tempo para os senadores se prepararem. Na Câmara, Maia diz que será diferente:

- Os deputados tiveram tempo de preparar perguntas mais aprofundadas e críticas ao governo Lula - disse.

Para o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), integrante da comissão especial do Fundeb, Palocci precisa ser cobrado sobre os efeitos que a política econômica tem na área social. Segundo Valente, o Fundeb, que reúne pré-escola, ensino fundamental e médio, era parte do plano de ação do governo Lula, mas não foi criado por causa do ajuste fiscal. Ele disse que enquanto o Fundeb prevê a liberação de R$ 4 bilhões em quatro anos para a educação, o governo deve pagar R$ 183 bilhões de juros da dívida pública em 2006.

Mesmo que Palocci se defenda das denúncias sobre Ribeirão Preto, ele não deve conseguir escapar da CPI dos Bingos. A comissão analisa nesta terça um requerimento para a convocação do ministro da Fazenda.

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