Diante da disparada do dólar, que superou hoje a barreira dos R$ 4, o Palácio do Planalto mudou de estratégia e quer tentar, caso haja margem de segurança, votar ainda hoje e manter os vetos que estão na pauta do Congresso para sinalizar mais confiança no reequilíbrio das contas públicas. Entre os vetos está o do projeto que garante reajustes entre 53% a 78,56% para os servidores do Judiciário.
Para Renan, se houver maioria para manter vetos, sessão deve ser realizada
Logo após se reunir mais uma vez com a presidente Dilma Rousseff, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça-feira, 22, que, se houver a segurança de que há votos suficientes para manter os vetos presidenciais, o ideal é realizar a sessão conjunta das duas Casas Legislativas marcada para as 19 horas. “Eu acho que, se houver uma maioria que desfaça qualquer possibilidade de desarrumar ainda mais a questão fiscal, acho que deve apreciar”, disse ele, que mais cedo já havia defendido o adiamento da sessão do Congresso.
Renan disse que vai conversar com os líderes partidários para definir qual é a melhor estratégia a adotar. Entre as possibilidades discutidas, está a manutenção do veto ou o adiamento da sessão. “Vamos (avaliar) pensando no Brasil e guardando a responsabilidade fiscal e vendo o que nós vamos fazer com a sessão do Congresso Nacional que está convocada”, disse ele, que entrou para reuniões com líderes partidários.
Para derrubar qualquer um dos 32 vetos da pauta, são necessários o voto de pelo menos 257 deputados e 41 senadores conjuntamente. Líderes governistas passaram o dia de ontem e hoje fazendo contas dos apoios e avalia que pode ter votos suficientes pelo menos no Senado para manter os vetos, em especial o que concede reajuste de 59,5% para os servidores do Poder Judiciário entre 2015 e 2019, cujo impacto será de R$ 36,2 bilhões.
Renan não conseguiu sequer falar sobre como foi o encontro com Dilma. Na hora da resposta, ele foi interrompido por gritos de “sessão, sessão” por servidores do Judiciário que haviam feito um corredor para cercá-lo no trajeto que ele fez até o gabinete. Um dos vetos a ser apreciado hoje é o que concede reajuste escalonado de até 78% para estes trabalhadores.
Segundo líderes aliados, que consideram arriscada a votação, a presidente Dilma Rousseff ligou para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para dizer que o melhor seria enfrentar de uma vez a votação. O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), também defende o enfrentamento da votação nesta terça-feira (22). “Não dá para adiar eternamente. Tem que botar o diploma à prova”, disse Guimarães. “É melhor vencermos logo essa agonia. A tendência é mantermos a sessão de hoje. Passamos por dias de muita instabilidade, o país não suporta mais aumento de despesas. Qualquer passo em falso pode agravar ainda mais a situação. Até com a oposição precisamos dialogar. É fundamental manter esses vetos. Prefiro que o Congresso seja chamado a essa reflexão de uma vez”, afirmou.
O líder do PR, deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL) afirmou que a presidente quer votar o veto, mas que ele teme o risco da derrubada. “A Dilma quer votar o veto porque o dólar estourou, mas eu acho muito arriscado. É o “all in”, o tudo ou nada. A presidente ligou para o presidente Cunha pedindo para votar. Ontem a tendência era adiar, hoje é de votar. É a decisão deste momento. O Guimarães confirmou que quer votar hoje. Minha bancada está bem, mas o problema são as outras bancadas” disse Lessa.
A oposição afirmou que a manutenção do veto ao projeto dos servidores do Judiciário é uma questão do governo. Segundo líderes de oposição, não há como segurar suas bancadas e ficar contra um pedido dos servidores do Judiciário. “Parece que o governo quer dar um sinal ao mercado. Não se sabe se um sinal pontual de recomposição de sua base. mas entre os líderes da base, ninguém tem segurança do resultado. A oposição não vai participar de nenhum entendimento. Se o governo quer manter o veto da Dilma, tem que colocar voto no plenário”, afirmou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE).
Reforma ministerial
O líder do PMDB da Câmara, Leonardo Picciani (RJ), informou que a presidente Dilma Rousseff pediu realização nesta terça, 22, à noite da sessão do Congresso que vai apreciar 32 vetos presidenciais. “Vai ser votado. Ela pediu”, disse o peemedebista.
Segundo Picciani, a disparada do dólar e o temor da reação dos mercados com a possível derrubada do veto ao reajuste do Judiciário fizeram com que a presidente tomasse a decisão. “A leitura é que é preciso resolver isso logo para acalmar os mercado”, disse. O peemedebista afirmou ainda que está confiante que o governo sairá vitorioso da sessão de hoje. “Vamos manter (o veto). A derrubada seria desastrosa”, afirmou.
Derrubada de vetos ameaça matar ajuste do governo Dilma pela raiz
Leia a matéria completaPicciani, que até o final do dia levará à presidente Dilma as indicações de deputados para compor o novo ministério, disse que as mudanças que estão sendo promovidas no governo devem servir para conquistar os votos necessários para manter os vetos. “É fundamental que a reforma ministerial sirva para isso. Ela está sendo feito com dois objetivos. O primeiro é cortar gastos. O segundo é reorganizar a correlação de forças dentro da base de apoio do governo”, disse.
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