Somente um em cada dez eleitores brasileiros escolhe o seu candidato de acordo com o partido ao qual ele pertence. Enquanto isso, 76% das pessoas fazem sua escolha levando em conta apenas características do próprio candidato. É o que mostra a pesquisa Voto, eleições e corrupção eleitoral, realizada pelo instituto Vox Populi e divulgada nesta terça-feira (12) pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).

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Para o coordenador da campanha Eleições Limpas, Paulo Henrique Machado, esses resultados mostram que o sistema eleitoral em que é possível votar no candidato enfraquece os partidos políticos, que historicamente nunca chegaram a ter um papel importante, "ou o papel que deveriam ter".

"Isso é prejudicial ao fortalecimento dos partidos e uma reforma deve vir criando instrumentos para aumentar a força dos partidos políticos", diz Machado.

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O presidente da AMB, juiz Mozart Pires, ressaltou a importância de o eleitor conhecer o programa de cada agremiação política. "Por meio dessa pesquisa fica patente a necessidade da urgência de uma reforma política, que possa melhorar a relação entre os poderes da República e fortalecer a democracia e que o eleitor tenha uma margem de segurança em quem está votando e nos partidos que podem representar o ideário de cada eleitor", afirma.

O juiz auxiliar da Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Márlon Reis, ressalta que a democracia representativa, como a que existe no Brasil, é partidária, mas o eleitorado personaliza a política, o que é uma distorção do sistema. "Os eleitores têm a falsa impressão de que têm domínio do seu voto e que votam em pessoas, mas eles votam em partidos políticos."

"O voto não está relacionado diretamente a um candidato, mas a um partido político, o que falta é clareza para a população em relação a isso, então não se trata exatamente de uma vontade do eleitorado, mas de uma distorção decorrente da falta de informação", completa Reis.

Para o magistrado, uma reforma política poderia criar mecanismos mais claros para a população e que atendessem aos desígnios da Constituição Federal de 1988.

A pesquisa foi realizada entre os dias 27 de junho e 6 de julho. Foram entrevistadas 1.502 pessoas maiores de 16 anos. A margem de erro é de 2,5%.

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