Um Sérgio Cabral (PMDB) abatido e de poucas palavras pronunciou-se pessoalmente nesta quinta-feira (10) pela primeira vez sobre a polêmica em torno de suas 37 missões oficiais ao exterior desde que assumiu o governo do Rio em 2007 - até então, se manifestara apenas por notas oficiais.
Depois de participar da inauguração da ampliação do Museu Ciência e Vida em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o governador defendeu suas viagens internacionais, mas não se aprofundou em detalhes sobre quanto gastou na ida a Paris em setembro de 2009, na qual recebeu, em diárias, em valores da época, R$ 6.384,00, de acordo com a Secretaria da Fazenda. A capital francesa foi a cidade mais visitada oficialmente pelo peemedebista - foram cinco viagens em cinco anos. Nova Iorque e Londres vieram em segundo lugar, com quatro visitas cada.
"Essa viagem (setembro de 2009 a Paris) serviu para melhorar a imagem do Rio lá fora. Internacionalmente, a cidade tinha uma imagem de decadência, e nós revertemos isso. Nós trabalhamos desde 2007 para recuperar a imagem do Estado", afirmou o governador.
Na viagem, foram feitas imagens de secretários e empresários com guardanapos na cabeça, brincando e dançando. Em algumas fotos, o governador aparece com o amigo e empresário Fernando Cavendish, controlador afastado da Delta Construções, empreiteira sob investigação da CPI do Cachoeira. Em outras, é mostrado dançando funk. "Nosso governo é de transparência e eficiência. Está tudo claramente divulgado na transparência fiscal", afirmou, referindo-se aos gastos, antes de sair sem responder a mais perguntas.
Até esta quinta, o governador fluminense evitara contato com repórteres, como em solenidades no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)e no Teatro João Caetano, semana passada, quando usou portas laterais para sair sem falar com a imprensa.
A controvérsia surgiu justamente com a divulgação de imagens de Cabral em viagens a outros países com Cavendish. Um vídeo mostra o governador, Cavendish e outras pessoas jantando em um restaurante de luxo em Mônaco. Essa viagem, explicou o governador por nota, foi privada, paga com recursos próprio.
A proximidade com um empresário cuja empreiteira tinha contatos de R$ 1,49 bilhão com o estado, porém, chamou atenção. Na última segunda-feira, o Estado de S. Paulo protocolou na Secretaria da Casa Civil requerimento com 14 perguntas sobre as viagens de Cabral ao exterior. O governo prometeu respondê-las, mas até esta quinta-feira isso não acontecera. Na terça, o Ministério Público Estadual pediu detalhes sobre as missões oficiais do governador em outros países - nas quais visitou 18 países e 39 cidades (algumas mais de uma vez), além da cidade-Estado de Cingapura, em 128 dias fora do país. As respostas seguiram no mesmo dia e estão sob análise.
Levantamento no Portal da Transparência da Secretaria da Fazenda mostrou que, em valores não corrigidos pela inflação, as diárias de funcionários civis e militares no exterior somaram R$ 11,3 milhões durante o primeiro governo Cabral (2007-2010), um gasto médio de R$ 2,8 milhões por ano. Foi um aumento de 237,3%, em valores nominais, sobre os R$ 843.374,06 de 2006, último da gestão Rosinha Garotinho.
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