O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), está praticamente certo de que o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), flagrado numa ligação telefônica discutindo a partilha de R$ 2,2 milhões, quebrou o decoro parlamentar.
- Poucas dúvidas sobram daquele diálogo. É quebra de decoro, é grave. O parlamentar tem que ter ética - afirmou o corregedor.
De acordo com o Blog do Noblat, Tuma vai pedir à Polícia Federal (PF) que ouça os funcionários do Banco Regional de Brasília (BRB) presos na operação Aquerela, inclusive o ex-presidente Tarcísio Franklin de Moura, que dicutiu a partilha do dinheiro com Roriz. O corregedor vai recomendar também que o empresário Nenê Constantino, dono da GOL, que deu o cheque de R$ 2,2 milhões a Roriz e o próprio senador sejam ouvidos
Tuma antecipou que houve pelo menos uma irregularidade no episódio, que é o fato de o BRB não ter comunicado o saque ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no dia em que ele foi feito.
- Já existe uma irregularidade nesse processo porque o BRB não comunicou ao Coaf o saque, só fez isso seis dias depois - afirmou o corregedor.
Tuma disse que é preciso ter cuidado para não deixar repetir o que ocorreu com o processo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-ES). O corregedor disse que o Conselho de Ética não permitiu que ele investigasse o caso. Tuma disse ainda que, se confirmados, os diálogos entre Roriz e Franklin demonstram no mínimo "falta de escrúpulos total" dos envolvidos.
- Uma loucura, se for verdadeiro, uma falta de escrúpulo total. É preciso buscar as provas. O que não pode é atropelar, como aconteceu no Conselho de Ética no caso Renan, em que não deixaram a Corregedoria investigar - disse o corregedor.
Joaquim Roriz se defendeu das acusações, afirmando ter apenas pedido um empréstimo de R$ 300 mil para o "pagamento inadiável" de uma novilha e para um empréstimo a seu primo, Benjamin Roriz. O restante seria devolvido ao empresário.Procurador-geral adota cautela e PSOL pedirá cassação ao Conselho
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, foi cauteloso nesta quarta-feira ao comentar as denúncias contra Roriz. Antonio Fernando contou que recebeu um vasto material e estaria analisando o caso antes de decidir se abre ou não investigação judicial contra Roriz.
- Recebi o material encaminhado pelo Ministério Público do Distrito Federal e estou apreciando esse material. Há uma quantidade grande e tenho que ter tempo para examinar. Há elementos para que o Ministério Público se debruce sobre o tema e eventualmente adote as providências que devem ser tomadas - afirmou em entrevista concedida à imprensa após ser sabatinado no Senado.
Nesta quinta-feira, o PSOL encaminhará a representação em que pede a cassação de Roriz por quebra de decoro parlamentar ao Conselho de Ética. O PSOL também quer ouvir Roriz; Tarcísio; Constantino; e o reitor da Associação de Ensino de Marília (Unimar), Márcio Mesquita Serva; além de fazer uma perícia nos documentos apresentados pela defesa.
Na terça-feira, o advogado Benjamim Roriz, de 86 anos, primo em terceiro grau do senador, que teria sido destinatário de R$ 28,6 mil do saque da conta de Constantino, pediu afastamento dos cargos que ocupava no governo do Distrito Federal. Benjamim era assessor especial do governador José Roberto Arruda (DEM) e presidente do conselho deliberativo do Banco de Brasília desde junho de 2004, ainda na gestão do primo. Ele decidiu se afastar das funções até o fim das investigações.
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