Lula recebe empresários para vencer resistência à prorrogação da CPMF
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz mais um esforço nesta quarta-feira para aprovar a prorrogação da CPMF até 2011. Lula recebe um grupo de 100 empresários pesos-pesados no Palácio do Planalto. Oficialmente, a pauta do encontro diz que o presidente vai pedir que os empresários aumentem os investimentos no país, mas o objetivo é vencer resistências à prorrogação do imposto do cheque. Além da redução da alíquota, os empresários devem cobrar medidas como desoneração da folha de pagamento.
Em reunião com cerca de cem executivos das maiores empresas que atuam no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (24) que para manter o processo de redução da pobreza e da desigualdade social o governo não pode abdicar da atual carga tributária.
O presidente da Votorantim Indústria, José Roberto Ermírio de Morais, disse que Lula fez um discurso conclamando os empresários. "Nesse momento, é importante que o Brasil continue com os seus programas sociais e de transferência de renda. O presidente reconhece que é o momento em que o Brasil ainda precisa dessa carga tributária", disse José Roberto Ermírio de Moraes.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a proposta de reforma tributária e está praticamente pronta e que o governo aguarda o melhor momento para encaminhá-la ao Congresso.
A atual carga de imposto do Brasil supera um pouco os 34%, enquanto o governo sustenta que não houve aumento do peso dos impostos no bolso dos brasileiros. A tese é contestada pelos partidos de oposição que citam os seguidos recordes batidos na arrecadação tributária.
O presidente da Nestlé no Brasil, Ivan Zurita, afirmou que a reforma tributária é necessária para reduzir a burocracia e aliviar o peso sobre os investimentos. "Quanto menos impostos tivermos, maior será o consumo e isso ajuda ao desenvolvimento do Brasil", afirmou Zurita após o encontro com Lula.
"Nós precisamos de um conjunto de impostos que estimulem o consumo e combata a evasão", acrescentou Zurita.
O executivo da Votorantim instou o governo a demonstrou interesse em, pelo menos no longo prazo, diminuir o peso dos tributos. "A questão é o governo sinalizar que no longo prazo a carga tributária possa vir a diminuir e, conseqüentemente, o Estado se adaptar a essa carga tributária. Esse é o caminho para uma receita de crescimento ainda mais sustentável e mais vigoroso", disse.
A empresária Luiza Trajano, das lojas Magazine Luiza, acredita que a carga tributária induz a informalidade e acaba prejudicando os investimentos em linha com a legislação. "Muita gente que não paga imposto burlando a lei acaba nos prejudicando e deixando o nosso negócio menos competitivo", disse.