Toda vez que queria matar a “sede” por propina, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque ligava para o lobista Milton Pascowitch e o convidava para “tomar um drinque”. O convite era a senha para que o operador separasse vultosas quantias de dinheiro, entregues pessoalmente ao ex-diretor. Por mês, Duque chegou a receber R$ 280 mil. A informação consta da delação do próprio Pascowitch.
Em junho, o lobista explicou como eram marcados os encontros com Duque. Pascowitch disse que todas as vezes que precisava de dinheiro o ex-diretor o chamava para beber ou, então, “fumar um charuto”. As frases eram as senhas combinadas entre eles para o pagamento de propina. Os encontros aconteciam na casa do ex-diretor, na Barra da Tijuca, ou na sede da sua empresa.
Duque ainda convidava Pascowitch para visitar galerias renomadas na Zona Sul carioca. Durante o passeio, o ex-diretor apontava quadros e esculturas que seriam compradas pelo lobista para quitar dívidas de propinas relativas à Diretoria de Serviços, da qual Duque era o titular.
No escritório do marchand Max Perlingeiro, Pascowitch adquiriu um quadro de Guignard de US$ 380 mil. Na galeria Aloisio Cravo, Duque exigiu que o lobista fizesse um lance numa obra de Franz Krajcberg de R$ 220 mil. As obras foram apreendidas pela PF.
ONG vai analisar obras em sete países vizinhos
A Transparência Internacional, entidade cuja principal bandeira é o combate à corrupção, anunciou nesta terça-feira (18) que, com base nas investigações da Operação Lava Jato, vai analisar as operações de empreiteiras brasileiras em sete países da América Latina: Argentina, Chile, República Dominicana, Guatemala, Panamá, Peru e Venezuela.
“Como as investigações no Brasil continuam a revelar as ligações entre grandes empresas de construção e a corrupção na Petrobras, a Transparência Internacional analisará se as empreiteiras estão seguindo o mesmo modelo de negócio baseado no pagamento de suborno e formação de cartel em outros países onde têm operações significativas”, afirma nota divulgada pela entidade.
O texto destaca que quatro empresas investigadas pela Lava Jato obtiveram mais de 30 contratos para obras na Venezuela. Se a entidade constatar irregularidades, fará um pedido de investigação formal às autoridades locais.
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