Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que as contradições entre a defesa apresentada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre as acusações contra ele e as investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR) fragilizaram ainda mais as condições para a permanência dele no cargo de presidente da Câmara.
Em conversas reservadas, ao menos cinco dos 11 ministros do Supremo consideram que Cunha “caiu em desgraça” e que sua presença no comando da Câmara “atrapalha a agenda do país”, provocando um“nó político”.
Documentos contrariam versão de Cunha para dinheiro na Suíça
Leia a matéria completaPor ora, porém, a maioria da Corte considera “drástico demais” um eventual afastamento de Cunha do comando da Câmara e duvida que o Ministério Público Federal formalize tal pedido tão cedo. “Esse assunto tem de ser resolvido politicamente pelo Congresso”, disse um ministro.
Outro integrante do Supremo ressaltou que os ministros não querem ser acusados mais uma vez de “judicializar a política”. “Nós temos de nos manifestar nos autos do processo. Por enquanto, só conhecemos a defesa pela imprensa”, afirmou.
Porém, como Cunha insiste em permanecer no cargo e tem manobrado para evitar o avanço de um processo contra ele no Conselho de Ética, é quase inevitável que o Supremo seja instado a intervir.
Para investigadores que atuam no caso, foi “desastrosa” a estratégia do presidente da Câmara em expor sua defesa por meio de uma série de entrevistas a veículos de comunicação. Oficialmente, a PGR não se manifesta. Nos bastidores, porém, fontes da investigação comemoraram a exposição voluntária de Cunha. Isso permitiu, segundo essa avaliação, que ele próprio fosse contraditado por documentos da Suíça que já são públicos.
Oposição se afasta e futuro de Cunha fica na mão de petistas
Leia a matéria completaHá cerca de dez dias, Cunha concedeu uma série de entrevistas para rebater a acusação de que seria proprietário de quatro contas no exterior – ao menos uma delas teria sido irrigada com dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras
Decoro
Cunha sempre negou ter contas no exterior. Em março, ele chegou a prestar um depoimento à CPI da Petrobrás em que ressaltou essa negativa. O material do Ministério Público suíço deu subsídios ao PSOL e à Rede para pedirem a cassação de Cunha por quebra de decoro parlamentar.
Na série de entrevistas que concedeu, o presidente da Câmara insistiu que não mentiu, pois as referidas contas apresentadas no inquérito são “trustes” - uma espécie de fundo do qual ele seria apenas beneficiário dos recursos e não o controlador do dinheiro.
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