Com o avanço da Operação Lava Jato sobre o apartamento tríplex no Guarujá (SP) ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a revelação de que a Odebrecht, segundo fornecedores, teria pago a reforma de um sítio usado por ele e sua família, o Palácio do Planalto já espera uma espécie de devassa na vida do petista de agora em diante.
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Assessores próximos à presidente Dilma Rousseff afirmam ter a impressão de que as investigações da Polícia Federal devem se perpetuar até as eleições de 2018. Se tal hipótese se concretizar, avaliam que o cenário é positivo para a oposição, que já possui como trunfos a própria investigação, o péssimo cenário econômico e o desdobramento de CPI (Comissões Parlamentares de Inquérito) no Congresso.
Em mensagem publicada nesta sexta (29) em sua página no Facebook, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou, sem citar nomes, que “estão tentando derreter o Lula para destruir o PT”.
“Eles sabem qual é a liderança, qual é a força política que tem o PT. Isso já vinha antes de a gente ter a Presidência [da República]. Tem uma série de episódios para tentar destruir o PT e destruir o Lula. São os mitos: casa do Morumbi, fortuna do Lula, conta no exterior, uma série de ataques. Não passarão”, escreveu Falcão em sua nota.
Nesta sexta (29), a Folha de S.Paulo revelou que a ex-dona de uma loja de materiais de construção e um prestador de serviço de Atibaia (SP) afirmaram ao jornal que a empreiteira Odebrecht realizou a maior parte das obras de reforma em um sítio frequentado por Lula e seus familiares.
A reforma teve início em outubro de 2010, quando Lula estava no fim de seu segundo mandato como presidente.
A Odebrecht disse que, após apuração preliminar, não identificou relação da empresa com as obras. Lula não quis comentar.
A propriedade rural, de 173 mil m² (o equivalente a 24 campos de futebol), está dividida em duas partes. Uma delas está registrada em nome de Fernando Bittar, filho de Jacó Bittar, amigo que fundou o PT com Lula. A outra pertence formalmente ao empresário Jonas Suassuna, sócio, assim como Bittar, de Fábio Luís da Silva, o Lulinha, filho do ex-presidente.
A Odebrecht gastou nas obras cerca de R$ 500 mil só em materiais, estima Patrícia Fabiana Melo Nunes, 34, à época proprietária do Depósito Dias, loja que forneceu produtos para a reforma no sítio.
Apartamento na praia
Já a operação Triplo X, deflagrada pela Polícia Federal na quarta (27), mira um apartamento triplex ligado a Lula no Guarujá, no litoral paulista.
O objetivo da força-tarefa é descobrir se outra empreiteira, a OAS – acusada de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras – buscou beneficiar ilegalmente o ex-presidente por meio do imóvel. É a primeira vez que a operação investiga um negócio diretamente ligado a Lula e seus parentes.
A mulher de Lula, Marisa Letícia, adquiriu a opção de compra do imóvel em 2005 por meio da cooperativa habitacional Bancoop, a antiga titular do prédio. Em 2014, o triplex foi totalmente reformado pela OAS. Porém, em novembro de 2015, a assessoria de Lula informou à Folha de S.Paulo que a família havia desistido de ficar com o imóvel.
O recuo ocorreu após as informações sobre o apartamento ganharem visibilidade na imprensa e a Lava Jato levar à prisão o ex-presidente da Bancoop e ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e de executivos da OAS.
Nesta sexta (29), o ex-presidente e sua esposa, Marisa Letícia, foram intimados pelo Ministério Público de São Paulo a depor sobre o triplex na condição de investigados.
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