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| Foto: YC/pa/YASUYOSHI CHIBA

O governo federal não cortou nada “na carne”, apenas postergou o problema e transferiu fontes de recursos, avaliou nesta segunda-feira, 14, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (PMDB), ao comentar o pacote de medidas de austeridade fiscal, de cerca de R$ 65 bilhões, anunciado pela equipe econômica. O executivo prometeu reagir “fortemente” no Congresso para tentar derrubar as propostas.

‘É muito pouco que estamos pedindo’, diz líder do governo sobre CPMF

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse nesta segunda-feira, 14, que a decisão do governo de retomar a cobrança da CPMF é “muito pouco que estamos pedindo à sociedade”. Ele afirmou que o governo está “cortando na própria carne” e as medidas anunciadas “não são amargas”. Guimarães disse ainda que a presidente Dilma Rousseff anunciará na próxima semana que ministérios serão cortados na reforma administrativa prometida em agosto.

“As medidas reequilibram sem tirar nenhum direito e apontam para a retomada da credibilidade do governo perante o País e os investidores internacionais. O governo cortou na sua própria carne ao reduzir despesas discricionárias”, afirmou Guimarães.

Para o líder, o governo está equilibrando as receitas com as despesas. “Não são medidas amargas. São medidas razoáveis, consistentes e que precisam passar por um profundo diálogo com o Congresso, com a sociedade brasileira e com nossos investidores”, disse Guimarães.

Apesar da reação adversa da oposição e até mesmo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Guimarães acha que é possível dialogar com os parlamentares, inclusive os oposicionistas, e aprovar as medidas até o final deste ano. “É muito pouco o que estamos pedindo para a sociedade, principalmente para aqueles que acumulam volumes altos de movimentações financeiras. É muito pouco”, afirmou. “São medidas necessárias. Sem elas não tínhamos como sair”, disse Guimarães.

“Espero contar com o apoio daqueles que criaram a CPMF no passado”, afirmou o líder do governo, admitindo que a aprovação “é um longo e tenebroso caminho para a gente vencer”.

Questionado sobre o condicionamento das emendas parlamentares a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Guimarães respondeu que essa pode ser uma maneira de liberar integralmente os recursos. “Quem sabe não é a saída para liberação de todas as emendas?”.

A presidente Dilma reunirá líderes da base do governo às 9h nesta terça-feira, 15.

“O governo não fez sua parte, não cortou nada na carne. Na realidade, postergou o problema e transferiu fonte de recursos: o que era do Tesouro passou para o Fundo de Garantia e o que era do Tesouro foi para emendas”, avaliou. Skaf, que também é presidente do Sebrae-SP, criticou em especial a proposta do governo de pegar 30% do valor recolhido pelo Sistema “S”. Para ele, o Executivo quer “abocanhar um pedaço do sistema ‘S’“. “Significa pegar aquilo que funciona com eficiência e colocar na mão do governo, que é ineficiente”, disse.

Skaf também disparou duras críticas à postura do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que fez o anúncio das medidas ao lado do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, em Brasília. Na avaliação do executivo, Levy foi irônico e fez comparações “infelizes”. “Ele desrespeitou a sociedade em vários momentos, quando, por exemplo, se referia aos aumentos de impostos como algo pequeno. Ele não tem esse direito”, afirmou. Segundo o executivo, “ministro para aumentar imposto o Brasil não precisa”.

“O ministro que o Brasil está precisando é aquele que combata desperdícios, melhore a gestão publica, combata com rigor a corrupção, que reduza os gastos e tamanho do Estado, que é o que cria esse problema”, defendeu. Para Skaf, nada do que foi anunciado hoje vai ao encontro dos interesses dos brasileiros. “Se aumentar imposto resolvesse o problema do Brasil, o País não teria problemas”, disse. “A ironia do ministro, cabe à presidente da República decidir. Agora as medidas de criação de impostos vamos combater fortemente no Congresso”, prometeu.

Abimaq

O anúncio do corte de despesas do governo federal em R$ 26 bilhões para o próximo ano foi uma boa decisão se comparada com a falta de ação que vinha dominando o Executivo, avaliou hoje o diretor do Departamento de Competitividade da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mário Bernardini. “Eu diria que foi a melhor decisão se comparada com o imobilismo em que estava no Executivo”, afirmou.

Contudo, Bernardini disse desconfiar de que os cortes anunciados sejam apenas para justificar a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). “Temo que estes cortes nem sejam feitos”, disse o diretor da Abimaq.

“A CPMF é uma tragédia para a competitividade e exportações da indústria”, disse Bernardini, acrescentando que seria melhor se o governo fizesse incidir sobre o setor de serviços as mesmas taxas incidentes sobre a atividade industrial. Ele acha que seria correto também se o governo passasse a taxar as grandes fortunas de pessoas físicas. “Não quero que taxem os lucros dos bancos porque depois eles repassam tudo para o cliente”, disse.

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