Atualizado em 11/11/2006 às 14h46

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O promotor público que participou da negociação com André Luís Ribeiro da Silva durante o episódio com o ônibus 499, na sexta-feira, defende a tese de que o caso não pode ser enquadrado como de seqüestro. Foram mais de dez horas de agonia mas, segundo Carlos Guilherme Santos Machado, o que houve foi apenas constrangimento ilegal, já que os passageiros podiam sair quando quisessem do coletivo. O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Hudson Aguiar, tem outra explicação:

- É uma situação técnica. O promotor nos ajudou muito durante as negociações. Ele garantiu ao seqüestrador que daria todo o apoio se ele não prosperasse com aquela maneira de agir - disse Hudson em entrevista à Rádio CBN neste sábado.

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Para a Polícia Civil, porém, o caso não deve ser tratado desta forma.

- A Polícia Civil está vendo pelo lado da legislação penal porque ele (André Luís) trouxe um transtorno enorme não só para o estado, mas para o Brasil - explicou o coronel.

A forma de como o caso será tratado ainda não está definida.

- Tenho certeza de que haverá um consenso de como será aplicada a lei, com base que o promotor prometeu naquele momento para convencer o seqüestrador a se entregar. Ele deve estar querendo cumprir o que prometeu - acredita Hudson.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Hudson Aguiar, elogiou a ação de todos os envolvidos no episódio do ônibus 499, na sexta-feira, quando um homem seqüestrou um ônibus com mais de 50 pessoas dentro para chamar a atenção de sua ex-mulher. Ele disse que muita coisa mudou, para melhor, desde o assalto ao ônibus 174, no Jardim Botânico, há seis anos.

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- Com certeza, aprendemos também com as nossas falhas, equívocos e acabamos engrandecendo. De lá para cá, nossos profissionais fizeram cursos, a PM foi evoluindo ao longo dos anos e hoje temos uma tropa muito capacitada, principalmente no Bope. Nós somos muito criticados, mas vem gente do Brasil todo conhecer nosso trabalho - disse.

Para Hudson, a principal diferença entre os dois casos está no fato de que as quatro principais partes fundamentais para o sucesso de uma operação como essas foram cumpridos: o isolamento, a contenção, a negociação e a intervenção.

- No caso do 174, a área não foi isolada e as negociações não foram esgotadas - comparou.

Desta vez, a polícia fez simulações da ação antes da intervenção. Por mais de duas horas, os policiais treinaram como seria o momento da tomada do ônibus em um coletivo semelhante, da mesma empresa, com as mesmas características.

Na avaliação de Hudson, André Luís é uma pessoa emocionalmente desequilibrada e por isso foi preciso ter ainda mais cautela durante a operação.

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- Foi exaustivo porque não sabíamos o que ele iria fazer, mas tínhamos que evitar que alguém fosse ferido.

Apesar de André Luís ter dado uma arma à polícia, os negociadores não tinham certeza se continuava ou não armado.

- Ele puxou as cortinas do ônibus e a visibilidade não era boa. Só era possível ver o rosto dele e o da sua ex-mulher.

Segundo ele, o momento decisivo para a intervenção foi quando André Luís, descontrolado, disparou contra o chão do ônibus.

- Foi o momento mais tenso do crime - afirmou Hudson.

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Hudson disse que a intenção da polícia ao levar um refém para a ambulância e um outro para o carro blindado da polícia, o caveirão, antes da saída de André Luís foi despistar a população.

- O local estava tomado de pessoas e não sabíamos o que elas poderiam vir a fazer contra André Luís, mesmo com a contenção forte da polícia. Não poderíamos colocar a integridade de física dele em risco.

Hudson usou a "Síndrome de Estocolmo" para justificar a atitude de algumas pessoas que não quiseram sair do ônibus, mesmo depois de liberadas.

- As pessoas criam um vínculo com o seqüestrador.