O deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR) acaba de ser eleito presidente da mais importante comissão permanente da Câmara dos Deputados, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), por onde passam todas as matérias protocoladas na Casa. O nome do paranaense Serraglio, anunciado por volta das 15 horas desta terça-feira (3), é uma vitória para o vice-presidente da República Michel Temer, que pode assumir o Executivo já no próximo dia 11, em um eventual afastamento da presidente da República Dilma Rousseff.
A CCJ é formada por 66 membros titulares e igual número de suplentes. Além de Serraglio, também foram escolhidos os parlamentares Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) como primeiro vice-presidente; Cristiane Brasil (PTB-RJ) como segunda vice-presidente; e Covatti Filho (PP-RS) como terceiro vice-presidente.
Por ser a legenda com o maior número de parlamentares, o PMDB tem direito a definir quais colegiados pretende presidir. Além da CCJ, o PMDB escolheu os comandos da Comissão de Finanças e Tributação e da Comissão de Viação e Transportes. Também está de olho na Comissão Mista do Orçamento, cuja composição ainda não tem data para ser definida.
Serraglio foi indicado formalmente pelo líder da bancada do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), mas seu nome foi efetivado por pressão do grupo peemedebista que trabalhou pelo desembarque do PMDB da base aliada da presidente Dilma e defende o impeachment da petista. Picciani preferia Rodrigo Pacheco na cadeira máxima da CCJ, mas não teve força para manter sua indicação, cedendo ao grupo anti-Dilma. O nome de Serraglio acabou encabeçando a única chapa apresentada para a eleição desta terça-feira (03). A chapa recebeu o apoio de 43 parlamentares, dos 50 presentes.
Nos bastidores, corre que Serraglio também é um nome que agrada o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que enfrenta um processo no Conselho de Ética e conta com a CCJ, que recebe recursos de decisões de outros colegiados da Casa. Em entrevistas à imprensa, Serraglio vem negando qualquer acordo com Cunha para respaldar sua indicação à CCJ.
Discurso
Em seu primeiro discurso como presidente da CCJ, Serraglio negou ter viabilizado sua indicação à cadeira porque teria uma disposição para ajudar Eduardo Cunha, versão que circula na imprensa. Sem citar nomes, Serraglio afirmou que não tem “compromisso nenhum” e que “fui mal compreendido”. “Certas versões são mais palatáveis à opinião pública. Mas o Brasil pode esperar de mim uma condução exemplar, tal qual se deva esperar de uma CCJ. Muita coisa se disse sobre a minha possível condução. Mas minha biografia exterioriza o que pode acontecer”, disse ele. O paranaense também acrescentou que cabe ao plenário “dizer qual é a decisão da CCJ”. “Não será eu, os vices ou o relator”, registrou ele.
Serraglio também agradeceu Picciani e Pacheco, pela “compreensão”. “Seria relevante que meu partido não chegasse à CCJ fracionado e dividido, neste momento conturbado”, pontuou o peemedebista.
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