Parlamentares desconfiam de estado emocional de Silvinho

• 0

Embora tenha começado o depoimento na CPI dos Bingos dando mostra de que estaria realmente em estado depressivo, como alegou sua defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF), ou sob efeito de remédios, o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira reage de forma serena mesmo às perguntas mais contundentes dos parlamentares. Respondendo à senadora Heloisa Helena (PSOL-AL), Silvinho chegou a dizer que está melhor e que não quis ser hospitalizado.

- Encontro-me melhor. Rejeitei qualquer internação ou procedimento médico - disse.

O senador Demostenes Torres (PFL-GO) estranhou a mudança de humor de Silvinho. Segundo ele, no início do depoimento o ex-dirigente petista parecia "abobalhado" e de repente voltou a apresentar "robustez mental". O senador chegou a ironizar a mudança de comportamento do ex-dirigente do PT, afirmando que gostaria de tratar com ele sobre o Mal de Alzheimer:

- Afinal, o senhor pode ter perdido a memória recente, mas pode ter ficado a antiga - disse o pefelista, que logo depois perguntou se Silvinho "era louco".

O senador Magno Malta (PL-ES) também estranhou que Silvinho tenha esquecido apenas uma parte da entrevista dada à repórter do jornal O Globo Soraya Aggege. Logo no início do depoimento, o relator da CPI, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), já havia perguntado se ele sofria de amnésia. Silvinho não gostou e disse que não responderia mais a perguntas daquele tipo. O presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), chegou a dizer que Silvinho estava "querendo fazer a gente de besta".

No início do depoimento, Silvinho chegou a dizer que não se lembrava de ter dado entrevista ao Globo e anunciou que não assinaria o termo de compromisso de falar a verdade porque estaria amparado por hábeas-corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro do ano passado. No entanto, ontem o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, que concedeu o hábeas-corpus em questão, disse que ele não está mais em vigor, uma vez que foi dado para o depoimento do ano passado, que acabou não ocorrendo.

Como a defesa não apresentou novo pedido ao STF, como era previsto, Silvinho está depondo sem a proteção de hábeas-corpus. No início do depoimento, porém, o presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), disse que ele poderia falar o que quisesse e não responder a perguntas dos parlamentares. Como Silvinho não assinou o termo de compromisso de dizer a verdade, ele não poderá ser preso caso a CPI entenda que está mentindo.

Em determinado momento do depoimento, Silvinho reconheceu ter dado a entrevista ao Globo, mas pôs em dúvida a veracidade das informações dadas por ele à repórter.

- Nesta entrevista que eu dei, não sei mais onde está a verdade, o que é verdadeiro e o que não é (...) Eu não estava em meu estado emocional tranqüilo. Algumas coisas eu não me lembro. Foram oito horas de conversas. Eu entrei num processo de crise muito violento. Tem coisas que eu lembro. Tem coisas que eu não lembro - disse.