Ao longo de um mês, desde a instalação da comissão especial do impeachment até agora, parlamentares que em algum momento figuraram na lista de “indecisos”, ou preferiram não declarar seus votos, tiveram que enfrentar o “assédio” de grupos favoráveis e contrários à destituição da presidente Dilma.
Deputados federais foram abordados em aeroportos, tiveram a foto estampada em outdoor, receberam gigabytes de mensagens eletrônicas. Grupos menores, formados em parte por servidores dos próprios gabinetes, também marcaram presença nos corredores da Câmara dos Deputados ao longo do processo.
“O assédio partiu de quem quer o impeachment. E a gente sentiu falta de um respaldo das pessoas que não concordam”, comentou um assessor de um parlamentar que titubeou até a semana final da votação, quando optou pelo impeachment. Outro assessor parlamentar garante que o assédio foi “meio a meio”, mas que os defensores do impeachment teriam enviado mensagens com conteúdo mais incisivo.
Nos gabinetes de “indecisos” em Brasília, os relatos são parecidos em relação à quantidade de telefonemas e mensagens eletrônicas. Eles registraram, diariamente, mais ou menos mil e-mails e 20 ligações. Também houve parlamentar com número de celular divulgado até em caminhão de som.
Teria sido o caso do deputado federal pelo Paraná Aliel Machado, da Rede Sustentabilidade, que teve seu celular praticamente inutilizado após receber cerca de 25 mil mensagens de WhatsApp, somente um dia após a instalação da comissão do impeachment.
Nos corredores do Congresso Nacional, os dois grupos marcaram presença em momentos decisivos – na porta de reuniões da comissão especial do impeachment, por exemplo, segurando cartazes e até entregando flores. Na semana final, o grupo de manifestantes pró-impeachment também passou a acompanhar reuniões de bancadas partidárias cuja pauta era deliberar sobre o voto de domingo (17).
Paranaenses
O deputado federal pelo Paraná Assis do Couto (PDT) anunciou sua posição contrária ao impeachment só na última segunda-feira (11), junto com sua bancada. Procurado pela reportagem na sequência, o pedetista disse que a “campanha pró-impeachment” teve “efeito contrário” para ele.
“Se fosse um grupo disposto a sentar, conversar, argumentar. Mas não”, critica ele, que, insatisfeito com o PT, se desfiliou da sigla no ano passado. “Na minha cidade [Francisco Beltrão] tem mais cavalete agora do que em época de campanha eleitoral”, completa.
Contato direto
Pré-candidata à prefeitura de Curitiba e mais próxima do grupo político aliado ao governo federal, a deputada federal pelo Paraná Christiane Yared (PR) teria “saído do muro”, e decidido votar a favor do impeachment, a partir das conversas que manteve com o eleitorado ao longo do processo.
No “contato direto” com as pessoas – Yared frequentemente faz palestras sobre segurança no trânsito –, ela teria percebido que “seus representados” desejavam a saída da presidente Dilma. “Ela não quer perder o elo com a base. A ideia é fazer um mandato popular”, comentou um assessor da paranaense.
Yared foi a campeã de votos nas eleições de 2014, na disputa por uma das 30 cadeiras da bancada. Dos mais de 200 mil votos que recebeu no Paraná, quase 140 mil foram de Curitiba.
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