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Quase metade dos paranaenses é ruralista

Diferentes mapeamentos das bancadas de interesse feitas por órgãos que avaliam a atividade parlamentar revelam que pelo menos 14 dos 30 deputados federais do Paraná é ruralista.

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Batalha

Evangélicos derrubaram a descriminalização do aborto

André Gonçalves, correspondente

Brasília - A principal vitória da bancada evangélica no Congresso Nacional foi a rejeição, no ano passado, do Projeto de Lei 1.135/91, que previa a descriminalização do aborto. Superada a batalha, o alvo agora é o texto que torna crime a homofobia (discriminação contra os homossexuais).

"Não somos contra os gays, mas a favor do conceito de família tradicional", justifica o coordenador da Frente Parlamentar Evangélica, deputado João Campos (PSDB-GO). Segundo ele, a proposta fere uma das principais bandeiras da bancada – a defesa da liberdade de expressão religiosa.

O temor, no entanto, é que pastores possam ser punidos por discriminar homossexuais durante cultos. "Queremos proteger a individualidade da crença."

O Projeto de Lei Complementar (122/06) foi aprovado há três anos pela Câmara e precisa passar por três comissões permanentes antes de ser levado ao plenário do Senado. Apesar de contar com apenas três integrantes entre os 81 senadores, a luta dos evangélicos encontra apoio no conservadorismo da maioria dos parlamentares.

Enquanto assiste à bancada ruralista ter reivindicações atendidas pelo governo, os parlamentares ligados ao setor da saúde reclamam do descaso com que são tratados. O discurso é o mesmo entre integrantes da base aliada e da oposição. Segundo eles, o governo federal não tem garantido o aporte financeiro necessário para o funcionamento adequado do Sistema Único de Saúde (SUS) – prova disso seria a omissão da palavra saúde no marco regulatório do pré-sal. Uma das saídas para amenizar esse quadro pode estar na criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS), já apelidada de nova CPMF.

Para defender os assuntos ligados ao setor, cerca de 220 congressistas compõe a Frente Parlamentar da Saúde. Sob a presidência do deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), o grupo estabeleceu como prioridade a regulamentação da Emenda 29, matéria que fixa os porcentuais mínimos de investimento anual em saúde da União, estados e municípios. Depois de ser aprovado no Senado, o texto básico do projeto teve votação favorável na Câmara, mas a decisão final depende da apreciação de um destaque feito pelo DEM sobre a CSS – imposto de 0,1% sobre movimentações financeiras, contra 0,38% da antiga CPMF. A oposição promete resistir enquanto puder, para evitar a criação da nova tarifa.

"É claro que cada deputado tem liberdade na hora de votar, mas defendemos sim a CCS", afirmou Perondi. "É uma situação indigesta, mas não temos outra alternativa." De acordo com ele, o investimento diário no SUS por brasileiro é de apenas R$ 1,56, valor menor que uma passagem de ônibus urbano em todas as capitais do país. Outra crítica do parlamentar é que, a cada R$ 100 gastos em saúde, R$ 62 são investimentos privados e apenas R$ 38 vêm do poder público. "Isso mostra que os governos investem muito pouco em saúde. O problema do SUS é de recurso, é a falta de financiamento", lamentou. "O quadro do SUS é dramático, mas não conseguimos convencer os governos da importância de investir no setor."

O deputado paranaense Alceni Guerra (DEM), um dos integrantes da frente, revelou que o grupo luta constantemente por mais investimentos em saúde, mas não tem conseguido "fazer o dinheiro sair do governo". O parlamentar reclama que a bancada está longe de atingir o mesmo êxito da bancada ruralista, que ele considera hoje a mais forte no Congresso. "Já demos vários saltos, mas ainda nos falta resolver o problema de financiamento", argumentou. "Infeliz­­­men­­te, a saúde não tem o mesmo respaldo e a mesma consideração das áreas economicamente mais fortes, como a agricultura."

Guerra disse ainda que a CSS será insuficiente para solucionar o problema da falta de recursos no setor e, por isso, apresentou uma emenda ao projeto do pré-sal, para destinar à saúde 30% dos lucros advindos da exploração do petróleo. O gaúcho Darcísio Perondi, entretanto, considera a proposta ineficaz, na medida em que o pré-sal só começará a dar lucro em pelo menos dez anos. "Quantas pessoas vão continuar morrendo nas filas do SUS até lá?", indagou. "Não podemos esperar o pré-sal para salvar a saúde. Por isso, com força política, estamos nos organizando."

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