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Bancada é fiel da balança

Com 41 deputados e 7 senadores (João Ribeiro está de licença médica), o PR pode fazer diferença e ser o fiel da balança em votações no Congresso. Na prática, o Planalto teme o "efeito cascata" das reclamações, já que o PMDB também não esconde mais o desconforto e está em queda de braço com o PT.

Na semana passada, líderes do PMDB avisaram a ministra Ideli Salvatti que a base não votará nenhum projeto do governo na Câmara até o feriado de 7 de setembro se o Planalto não liberar rapidamente recursos de emendas parlamentares. A primeira parcela, de R$ 1 bilhão, deve sair até o fim do mês.

Segundo o deputado Lincoln Portela (MG), líder do PR na Câmar, o partido não irá para o campo adversário. "Nós não seremos oposição. A ideia é dar apoio crítico à presidente." Na votação da Desvinculação das Receitas da União (DRU), por exemplo, o PR vai dar trabalho. Dilma considera "fundamental" prorrogar a DRU por quatro anos. O mecanismo permite ao governo manejar livremente 20% dos recursos do Orçamento. A DRU expira em dezembro.

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Alvo da faxina promovida pela presidente Dilma Rousseff no Ministério dos Transportes, o Partido da República (PR) ameaça agora sair da conflagrada base de apoio do governo no Congresso. A posição do PR será anunciada na terça-feira, em pronunciamento do senador Alfredo Nascimento (AM), que foi defenestrado dos Transpor­tes na esteira das denúncias de corrupção e hoje comanda o partido.

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"O PR saiu do céu, mas não vai para o inferno. Pagará os seus pecados no purgatório", afirmou o senador Blairo Maggi (MT). Padrinho político de Luiz Antonio Pagot, ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Maggi quer agora que todos os integrantes do PR entreguem seus cargos no governo.

Embora Dilma tenha feito uma devassa nos Transportes, que derrubou 27 servidores, os superintendentes estaduais do Dnit não mudaram. Apenas o de Mato Grosso, escolhido por Pa­­got, abandonou o posto em solidariedade a ele. Além de assento nessas repartições, o PR ocupa uma diretoria de Furnas.

"Não tem sentido adotarmos uma posição de independência em relação ao Palácio do Planal­to, sair da base aliada e continuar com os cargos", insistiu Maggi. "É possível fazer política sem ter vaga no governo." O senador propôs que o PR desfiliasse o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, sucessor de Nascimento, para quem o partido "não é lixo" nem pode ser "varrido" da administração.

Na última quarta-feira, Dilma assumiu as rédeas da coordenação política do governo para contornar as insatisfações no PR. Chamou ao Palácio do Planalto o deputado Anthony Garotinho (RJ), que tem feito ácidas críticas a ela na tribuna da Câmara.

"Por que você está falando tão mal de mim?", perguntou Dilma, que, a exemplo de Garotinho, já foi do PDT. Ela pediu ao deputado "compreensão" com o cenário econômico e disse não ser possível aprovar mais despesas, como a proposta de emenda cons­­titucional que estabelece um piso nacional de salários pa­­ra policiais e bombeiros, conhecida como PEC 300.

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Naquele mesmo dia, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, reuniu-se com Nas­­cimento, Maggi e com o senador Antonio Russo (PR-MS). Nem ela nem o chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carva­lho, acreditaram que o PR abandonará a coalizão, embora o partido não frequente mais as reuniões do Conselho Político.