Paulo Roberto Costa, ex-diretor da área de Abastecimento da Petrobras, afirmou em sua delação premiada que recebeu um 'agrado' de US$ 4 milhões das empresas Andrade Gutierrez e Estre Ambiental. De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico, Costa relatou ter sido informado por Fernando Soares, o "Fernando Baiano", que havia US$ 4 milhões à disposição do ex-diretor depositados em conta bancária aberta no Principado de Lichstenstein, na Europa.
Desse dinheiro, entre US$ 2 milhões e US$ 2,5 milhões seriam oriundos de valores pagos pela Andrade Gutierrez. Já R$ 1,4 milhão teria vindo da Estre Ambiental, que de acordo com ele tinha interesse em prestar serviços para a Transpetro.
Ainda de acordo com o jornal, Paulo Dalmaso, ex-presidente da área de Engenharia da Andrade Gutierrez, tratava da propina diretamente com Fernando Baiano, suspeito de operar para o PMDB na área de Internacional da Petrobras, acusado por suposto recebimento de propina de US$ 30 milhões envolvendo a contratação de naviossonda com a estatal.
Segundo a reportagem, Costa teria afirmado ainda que o representante da Estre Ambiental era Wilson Quintela Filho, e que o dinheiro chegava à direção da Petrobras também por intermédio de Fernando Baiano.
Ao jornal, a Estre Ambiental afirmou que "desconhece as razões da menção e estranha a inclusão de seu nome no referido depoimento". Já a Andrade Gutierrez disse que "reafirma categoricamente que nunca, em momento algum, fez qualquer tipo de repasse de valores para o senhor Paulo Roberto Costa ou para qualquer pessoa. E mais uma vez reitera que não fez parte das ações que são hoje alvo das investigações da Operação Lava Jato.
A Andrade Gutierrez ressalta ainda que todos os contratos entre a empresa e a Petrobras sempre foram firmados dentro das normas legais e legislação vigente, e foram cumpridos de acordo com a qualidade e prazos acordados entre as partes". E que a empresa "vem sendo vítima de um vazamento seletivo de informações que parece ter como objetivo envolvê-la, por meio de ilações, em assuntos dos quais não fez parte e sobre os quais, portanto, não há qualquer tipo de prova real".
Ministério Público
O Ministério Público Federal (MPF) no Paraná vai pedir na Justiça que empreiteiras suspeitas de participação no "clube do cartel" da Petrobras sejam proibidas de fazer novas contratações com o poder público. Já está decidido que o pedido de proibição fará parte das ações de improbidade administrativa a serem protocoladas nos próximos dias, como confirmaram dois integrantes da força-tarefa do MPF e da Polícia Federal que cuida dos desdobramentos da Operação Lava-Jato. No final de dezembro, a Petrobras anunciara a suspensão dos negócios com as fornecedoras citadas na Lava-Jato.
O pedido do MPF de punição às pessoas jurídicas envolvidas na corrupção, e não somente dos executivos que chegaram a ser presos pela PF, vai na contramão do discurso feito pela presidente Dilma Rousseff em defesa das empreiteiras. Na abertura da primeira reunião ministerial de seu segundo mandato, terça-feira, Dilma defendeu que "combater a corrupção não pode significar a destruição de empresas privadas". Segundo ela, "as empresas têm de ser preservadas, as pessoas que foram culpadas é que têm de ser punidas, não as empresas". Em suas defesas, as empreiteiras têm responsabilizado o governo e a Petrobras pela corrupção na estatal.
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