O advogado de Paulo Roberto Costa diz que os relatos do ex-Diretor da Petrobras foram “decisivos” para a identificação dos “mais coautores e participes da organização criminosa”| Foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS

João Mestieri, advogado do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, pediu nesta quarta-feira (1º) o perdão judicial para seu cliente, acusado de corrupção ativa e passiva, e lavagem de dinheiro, no processo que investiga a participação da construtora Mendes Junior na formação de cartel e superfaturamento de obras na Petrobras. O pedido consta das alegações finais de Paulo Roberto Costa encaminhadas nesta quarta-feira ao juiz Sérgio Moro. Depois da defesa prévia de Costa e da empreiteira, que já fez suas alegações finais no processo, o juiz começa a se preparar para dar uma sentença nesse caso.

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O advogado de Costa diz, basicamente, que a delação premiada feita pelo ex-diretor da Petrobras foi essencial para desvendar o caso de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.

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“A delação levada a efeito por Paulo Roberto Costa foi verdadeira, séria, completa e está se comprovando haver sido efetiva, e decisiva para o sucesso da Operação Lava Jato. A delação aqui tratada foi a primeira, foi a delação que inauguraria uma série de outras, de menor ambiência e importância, porém complementares e que demonstraram a veracidade do que havia sido afirmado e a extensão, quase inacreditável, das mazelas praticadas”, diz trecho das alegações finais de Costa, que continua:

“Por tudo que se pode avaliar, a delação do Dr. Paulo Roberto Costa foi a mais completa, fidedigna e eficaz que se possa imaginar. Tanto assim, foi que se abriu perante os olhos dos Procuradores Federais todo um universo de fato, sequer imaginado, e ainda os elementos essenciais para que se pudesse infirmar as autorias, entender a extensão dos problemas e diagnosticar-se a natureza e posição dos vários atores a dinamizar os fatos minudentemente narrados em muitos dias de interrogatório”, completa o documento assinado pelo advogado Mestieri.

O advogado de Paulo Roberto Costa diz que os relatos do ex-Diretor da Petrobras foram “decisivos” para a identificação dos “mais coautores e participes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa”, diz Mestieri.

Mestieri reproduz trecho de fala do ex-diretor na CPI da Petrobras no Congresso, na qual Paulo Roberto Costa se diz arrependido do que fez nos 12 anos em que esteve na diretoria de Abastecimento da Petrobras, indicado pelo PP, para fazer caixa para o partido e também em seu benefício próprio, enriquecendo indevidamente.

“Infelizmente, infelizmente – eu me arrependo amargamente, porque estou sofrendo isso na carne, estou fazendo minha família sofrer –, infelizmente, aceitei uma indicação política para assumir a Diretoria de Abastecimento. Infelizmente! Estou extremamente arrependido de ter feito isso! Se tivesse oportunidade de não o fazer, não faria novamente isso. Aceitei esse cargo, e esse cargo me deixou e nos deixou aqui onde estou hoje. Se eu pudesse, não teria feito isso, mas, infelizmente, isso aconteceu, estou arrependido, e quisera eu não pudesse ter feito isso”, disse Costa na CPI.

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Não é a primeira vez que Costa pede perdão judicial a Moro. Na ação em que ele era acusado de corrupção na implantação da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, ele fez o mesmo, mas o juiz o condenou a 7 anos e seis meses de prisão.

Como diretor da Petrobras, Costa desviava até 3% dos contratos de sua diretoria com o cartel de empreiteiras que realizavam obras para a companhia, repassando 1% para o PP, 1% para o PT e 1% para ele próprio e outros operadores. Os recursos destinados ao PP eram arrecadados pelo deputado José Janene (morto em 2010) e depois pelo doleiro Alberto Youssef. O esquema durou de 2004 a 2012, quando se se aposentou na Petrobras. Mas até 2014 ele ainda recebeu parcelas por conta da corrupção praticada na estatal, pagas pelas empreiteiras do cartel à sua empresa de consultoria Costa Global. Ele está preso em prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira.