O secretário estadual de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, o Pepe Richa, negou nesta sexta-feira (15) que tenha recebido dinheiro desviado dos contratos feitos entre a Valor Construtora e a Secretaria de Estado da Educação (Seed). O nome do irmão do governador Beto Richa (PSDB) foi citado em depoimentos colhidos no âmbito da Operação Quadro Negro, cuja primeira fase foi deflagrada em julho do ano passado pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), da Polícia Civil.
A assessora jurídica da Valor Construtora Úrsulla Ramos e a funcionária da empresa Vanessa Domingues de Oliveira falaram aos investigadores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que um grupo de políticos e autoridades foi beneficiado com o esquema de corrupção, incluindo Pepe Richa, e que o dinheiro teria servido para abastecer campanhas eleitorais. No final do ano passado, o Gaeco passou a auxiliar nas investigações conduzidas pelo Nurce.
Em nota encaminhada ao jornal Gazeta do Povo, Pepe Richa afirma que as acusações são “absurdas e mentirosas”. “As obras do setor de Educação são contratadas diretamente pela Secretaria de Educação, sem qualquer intervenção ou participação da Secretaria de Infraestrutura e Logística, atualmente sob os meus cuidados. Desconheço o teor da investigação citada. Tomarei providências para ter acesso aos depoimentos e processarei, civil e criminalmente, quem mentiu às autoridades, ao mencionar ou vincular o meu nome neste caso”, afirmou o secretário.
Pepe Richa disse ainda que as irregularidades envolvendo a construtora e a Secretaria da Educação foram “descobertas e investigadas” pelo governo do Paraná.
Paraná Edificações
Conforme lembrou reportagem da Gazeta do Povo publicada nesta sexta-feira (15), a Valor Construtora também obteve outros dois contratos fora da área de educação, para a reforma da penitenciária feminina de Piraquara e para a revitalização do Parque do Monge, na Lapa. As duas obras são de responsabilidade da Paraná Edificações, autarquia vinculada à pasta de Pepe Richa.
No caso da penitenciária de Piraquara, a Valor Construtora não executou a obra. E, segundo a Secretaria de Infraestrutura e Logística (Seil), o contrato foi rescindido, devido às investigações da Operação Quadro Negro. Já em relação à revitalização do parque da Lapa, a Seil informa que a empresa entregou o serviço, mas a última parcela de pagamento, de quase R$ 175 mil, permanece retida, também devido aos fatos apurados na Operação Quadro Negro.