Em sua primeira aparição pública depois de ter sua prisão decretada pelo juiz Sergio Moro, Mônica Moura – esposa e braço direito do marqueteiro João Santana – fez questão de falar aos jornalistas que esperavam sua saída do Instituto Médico Legal (IML) que não abaixaria a cabeça. E assim deixou o IML em Curitiba depois de passar por exames e seguir para a carceragem da Polícia Federal, no Santa Cândida, de óculos de sol e cabeça erguida.
A atitude revela bastante da personalidade da jornalista que é casada com Santana desde 2001 e é co-criadora da Pólis Propaganda e Marketing, empresa especializada em campanhas eleitorais e responsável pelas principais campanhas do Partido dos Trabalhadores (PT) desde 2006. Jornalista por formação, Mônica Moura tinha papel ativo na rotina de trabalho da empresa e comandava as campanhas quando o marido não estava presente.
Bilhete de mulher de marqueteiro preocupa governo e PT
Leia a matéria completaSeu papel ativo nas operações da empresa foi “reconhecido” pela Polícia Federal na representação enviada à Moro que pedia a sua prisão preventiva e a do marido, bem como o bloqueio dos bens do casal. O texto deixa claro que a função de Mônica nas operações de envio de dinheiro ao exterior era tão, ou mais, importante do que a do próprio marqueteiro.
O que pesa contra ela
A prova em que a PF baseou sua investigação é uma carta escrita a mão e enviada pela jornalista ao operador Zwi Skornicki junto com a cópia de um contrato firmado entre ela e uma empresa, para que usasse como modelo.
“Acho que o nosso pode ser simplificado, este é muito burocrático, mas vocês que sabem. Apaguei, por motivos óbvios, o nome da empresa”, dizia Mônica ao operador. “Segue também os dados da minha conta com duas opções de caminhos – euro ou dólar, vocês escolhem o melhor”.
Para a PF, o uso da expressão “motivos óbvios” releva que a jornalista desejava ocultar o nome da empresa para justificar a transferência de recursos no exterior. A Polícia Federal ainda afirma que o fato de a mensagem ser uma carta, demostra que Mônica não pretendia deixar rastros da comunicação, demostrando ciência do caráter ilícito da transação e preocupação com a responsabilidade que o conteúdo do documento poderia implicar a ela e ao marido.
Mônica Moura e João Santana teriam recebido por meio de uma offshore, recursos do lobista Zwi Skornicki US$ 3 milhões e US$ 4,5 milhões da offshore utilizada pela Odebrecht no exterior. O casal está preso na carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba.
Outro lado
Mônica, em depoimento, negou que os valores recebidos por ela e pelo marido sejam ilícitos. Ela afirmou que, se cometeu um crime, foi o de manter contas não declaradas no exterior.
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