O presidente da Associação dos Médicos Legistas do estado de São Paulo, Luiz Frederico Hoppe, disse neste sábado (21) que há possibilidade de algumas vítimas do acidente da TAM, ocorrido na terça-feira (17), não virem a ser identificadas. Segundo ele, no acidente, a temperatura após a colisão contra um terminal de cargas da companhia chegou a mil graus.

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"Isso é um crematório e um cadáver pode virar cinzas. Pode ser que não encontremos nem um resto (de vítimas) para identificar".

Ele disse que existe a possibilidade de alguns parentes terem de ir à Justiça para reconhecer a morte das vítimas. "Agora os casos são mais difíceis, não são mais cadáveres inteiros, alguns estão muito mutilados", disse, ao comparar a tragédia desta semana com o acidente da Gol, ocorrido em setembro de 2006, que deixou 154 mortos. Ele lembrou que na ocasião todos os corpos foram identificados e havia poucos carbonizados.

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Hoppe voltou a afirmar que não há previsão de identificação das vítimas. Até agora foram 47 pessoas identificadas. Ele ressaltou que não há necessidade de colocar mais legistas para trabalhar no reconhecimento. São 30 médicos legistas trabalhando 24 horas por dia. Normalmente são seis.

'Trabalho para vários meses'

As características do acidente com o avião da TAM estão levando uma angústia a mais para os familiares das vítimas: a demora na identificação dos corpos. "O avião primeiro bateu em um elemento estático (o prédio da TAM Express) e depois explodiu, submetendo os corpos dos passageiros a alta temperatura. Isso pode atrapalhar até os exames de DNA", diz o médico legista Carlos Alberto de Souza Coelho, diretor técnico do IML de São Paulo. "Temos trabalho para vários meses."

Coelho, que trabalha há 33 anos no IML compara a tragédia de terça-feira (17) com um outro acidente envolvendo um avião da TAM, em 1996, quando um Fokker-100 caiu logo depois de decolar do Aeroporto de Congonhas. "Naquela ocasião demoramos quatro meses para identificar as vítimas, mas no final todas foram identificadas e apenas quatro corpos precisaram ser submetidos ao exame de DNA."

O IML adota três métodos para identificação dos corpos. O primeiro é feito por meio das impressões digitais nos dedos das vítimas. Em caso de impossibilidade por trauma no corpo, recorre-se aos estudos antropológicos das vítimas: idade, sexo, cor dos olhos, arcada dentária e outras características. Se ainda assim não for possível chegar à identificação, usa-se o exame de DNA.

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Peritos do Instituto Médico-Legal (IML) de São Paulo e equipes do Instituto Médico Social e Criminológico do estado foram neste sábado (21) aos hotéis onde estão hospedados os familiares das vítimas para colher sangue para possíveis exames de DNA nos corpos.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), ainda não foi constatada a necessidade deste exame para identificação de nenhum corpo. Mas os peritos decidiram colher o material caso os familiares desejem retornar para os estados de origem.

"Precisa ficar claro que nós trabalhamos aqui com DNA forense, que é muito diferente do DNA de paternidade, quando temos o pai, a mãe e o filho em condições boas para comparação em laboratório. Nesse caso, nós coletamos sangue dos familiares, mas o corpo da vítima veio em condição totalmente desfavorável por causa das características do acidente", diz Coelho.

"Em casos extremos", conclui o legista, "quando a alta temperatura destrói o material que permite a extração do DNA, não é possível identificar a vítima."

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