Deputados paranaenses de partidos de oposição consideram que a situação política do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prejudica o andamento das discussões sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Antigos aliados do peemedebista, PSDB, DEM e PPS devem reforçar a partir desta terça-feira (10) o apelo pelo afastamento de Cunha. O parlamentar, no entanto, trabalha para ganhar tempo até a próxima semana.
Deputados querem evitar que caso fique restrito a relator
O deputado federal paranaense Sandro Alex (PPS) diz que todos os membros do Conselho de Ética da Câmara vão poder colaborar na apuração do processo contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo ele, o relator do caso, Fausto Pinato (PRB-SP), se comprometeu a compartilhar as informações com os colegas e deve apresentar nesta terça-feira (9) um plano de trabalho.
Pinato vai apresentar um parecer preliminar sobre a admissibilidade da representação no próximo dia 24. “É obrigação de todo conselheiro buscar acesso aos documentos”, diz Sandro Alex.
O material mais importante é o resultado das investigações dos ministérios públicos da Suíça e do Brasil sobre as contas secretas de Cunha e familiares. “Não tem muito segredo, é pegar a documentação da Procuradoria e a que for apresentada pelo presidente da Câmara, bater uma com a outra e ver qual é a verdade.”
Para Sandro Alex, toda a defesa de Cunha até o momento é baseada em declarações. “Ele vai ter de apresentar mais do que palavras, vai de que mostrar provas. Não me parece uma situação tranquila a dele.”
Líder do PPS, Rubens Bueno defendeu Cunha até meados de outubro e chegou a negociar com ele e outros oposicionistas a construção de um calendário para o processo de impeachment. Atualmente, prega o afastamento imediato. “Parece que estamos diante de um seriado de televisão, a cada dia com um novo capítulo. Esse último, com as explicações sobre as contas da Suíça, não convenceu ninguém”, diz o deputado.
Bueno conversa com a bancada do partido sobre ações que possam pressionar pela saída de Cunha. Regimentalmente, contudo, não há como destituí-lo do cargo. Mas há ações políticas, como boicote a sessões e reuniões da mesa diretora comandadas por ele, que poderiam forçar a renúncia.
“Hoje o PSDB inteiro é favorável à saída dele do cargo”, diz o tucano Luiz Carlos Hauly. “Com todas essas justificativas insustentáveis e a aproximação recente com o governo, Cunha está demonstrando que é muito burro.”
A unanimidade do PSDB, contudo, não se aplica nem à bancada do partido no Paraná. Alfredo Kaefer, o outro paranaense da legenda, defende que o partido espere pelo julgamento de Cunha no Conselho de Ética para se posicionar – o que só deve ocorrer a partir de abril de 2016. A posição é a mesma do PT, que tenta fugir do confronto com o peemedebista para abafar a abertura do impeachment.
“Acho que o Cunha tem o direito de se defender, mas também tenho convicção de que, sem ele, o impeachment já estaria muito mais avançado”, diz Kaefer. Segundo o deputado, a divisão de atenções da opinião pública entre os escândalos de Cunha e do governo gera um ambiente de confusão.
Sandro Alex (PPS), que é membro do Conselho de Ética, também acredita em um posicionamento mais claro da oposição a partir desta terça-feira. “A partir do momento em que o Conselho [de Ética] receber os documentos da Procuradoria-Geral da República sobre as denúncias, vai haver obrigatoriamente uma definição política”, diz.
O relator do caso, Fausto Pinato (PRB-SP), vai apresentar o parecer preliminar sobre admissibilidade do processo que pode levar à cassação de Cunha no dia 24.
Além de Bueno, Hauly, Kaefer e Sandro Alex, o Paraná tem um quinto deputado de partido de oposição ao governo, Fernando Francischini (SD). Procurado, não respondeu. O SD permanece no núcleo duro de apoio a Cunha.