Por pressão do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) anunciou ontem que desistiu da disputa à prefeitura de São Paulo em 2012. "Fiquei muito sensibilizada com o pedido da presidente e do ex-presidente Lula", disse Marta. Com isso, o PT deve lançar o ministro da Educação, Fernando Haddad, na eleição do ano que vem. Haddad foi indicado por Lula, que estava trabalhando há meses pelo nome do ministro.
Para o cientista político Sérgio Amadeu da Silveira, da Faculdade Cásper Líbero (SP), a desistência de Marta Suplicy é uma mostra de que, apesar do câncer, a influência do ex-presidente nas decisões do PT deve permanecer intacta. "Basta olhar a pré-candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à prefeitura de São Paulo que o Lula conseguiu emplacar quase sozinho contra várias resistências internas no PT paulistano", afirma ele.
Mágoa
Apesar de dizer-se "sensibilizada", Marta na verdade ficou magoada com a pressão pública de Lula para que desistisse do sonho de voltar à prefeitura após duas derrotas seguidas, em 2004 e 2008. Mas ontem, no anúncio da retirada de sua pré-candidatura, ela evitou criticar Lula e até o elogiou.
"Ele [Lula] está ótimo, com uma voz ótima. Falando com força, bem", disse Marta. "Ele falou: Olha, eu não aguento mais ficar em casa. Semana que vem vou para o instituto [Lula]." Marta conversou com Lula pelo telefone ontem de manhã, antes de formalizar sua saída da corrida à prefeitura de São Paulo em 2012. "Eu falei que [ele] era a primeira pessoa a quem eu gostaria de dar a notícia", contou Marta, que prometeu obediência ao PT e disse que voltará "como um soldado" ao Senado.
Outro Suplicy
Apesar da desistência de Marta, Haddad ainda pode ter de enfrentar prévias internas com outros três pré-candidatos: os deputados Jilmar Tatto e Carlos Zarattini e o senador Eduardo Suplicy. Mas os três são considerados quase carta fora do baralho devido à influência de Lula.