O senador Delcídio Amaral (PT-MS) negou ter desrespeitado o regimento interno da votação do relatório final da CPI dos Correios. O PT quer anular a votação, argumentando que o presidente da CPI impediu que os parlamentares pedissem esclarecimento sobre o relatório. Os partidos quer que o Ministério Público esclareça pontos que foram excluídos do texto.

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A bancada do PT na CPI dos Correios reafirmou, em entrevista coletiva nesta quinta-feira, que a sessão desta quarta-feira, que aprovou o relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), deveria ser anulada. O motivo apontado pelos petistas é que o presidente da comissão, o também petista senador Delcídio Amaral, teria descumprido o que estabelece o regimento interno.

De acordo com os parlamentares, cinco minutos antes de começar a votação, o relator, deputado Osmar Serraglio, leu as alterações, mas não teria permitido esclarecimentos, e além disso proibiu a votação dos destaques ao relatório.

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Os parlamentares dizem que, até agora, ninguém sabe em que votou. Reclamam que irregularidades em contratos do Correio Aéreo, em franquias dos Correios e no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), foram omitidas do relatório. Segundo a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), essa omissão poderia impedir a investigação pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, de um prejuízo de pelo menos R$ 1 bilhão para os cofres públicos. A senadora informou também que todos os pontos retirados do relatório serão encaminhados ao Ministério Público Federal pela bancada do PT.

Delcídio disse que pretende representar contra o deputado Jorge Bittar (PT-RJ), que o chamou de "canalha" e "Judas". Segundo Delcídio, todos os jornais desta quinta-feira trazem as palavras desrespeitosas usadas pelo companheiro petista. O senador disse que agiu de acordo com seu cargo de presidente de uma CPI e que não foi indicado para defender o PT.

- Eu não fui eleito presidente da CPI para defender o PT. Eu encaro com serenidade, tranqüilidade. Entre ter uma postura partidária e de presidente da CPI, como condiz, eu prefiro ficar com o trabalho isento que eu fiz na CPI, um trabalho que hoje a opinião pública reconhece. Meu compromisso era com a CPI - disse Delcídio, afirmando que não está preocupado com as repercussões do episódio porque já foi retaliado várias vezes no partido.

O senador disse que já estava combinado com os demais membros da CPI que não seriam votados destaques ao relatório de Serraglio e não entende por que tanto questionamento do PT, ao qual se referiu como "eles". Delcídio acusou os colegas de partido de tentar fazer com a que a CPI terminasse sem relatório final.

- Aqui tem regra, aqui tem regimento, aqui tem ordem. Eu segui o regimento. Não íamos jamais terminar essa CPI sem o relatório. Era o que eles (PT) queriam com esse substitutivo: que a CPI terminasse sem relatório - afirmou.

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Sobre a representação do PT apresentada à Mesa do Congresso, Delcídio disse que vai justificar, com base no regimento, sua atuação na sessão de ontem. O senador disse ainda que, apesar das adversidades, valeu a pena ter presidido a CPI e assegurou que continua candidato ao governo do Mato Grosso do Sul.

- O esforço compensou, o resultado valeu a pena - disse.