Parlamentares contrários e favoráveis ao impeachment da presidente da República Dilma Rousseff (PT) fazem reuniões neste domingo (28) com o objetivo de discutirem estratégias para o principal dia do julgamento contra a petista, a segunda-feira (29).
As conversas se tornaram necessárias porque o clima no plenário da Casa se manteve quente até agora, especialmente nos dois primeiros dias de julgamento, quinta-feira (25) e sexta-feira (26), quando discussões acaloradas entre os senadores chegaram a provocar a suspensão temporária dos trabalhos. A preocupação dos políticos agora é garantir que o interrogatório da presidente Dilma no plenário do Senado, previsto para segunda-feira (29), seja “civilizado”.
“Nós sabemos que serão feitas perguntas duras, e também respostas duras, mas queremos um ambiente respeitoso. Clima de pugilato não nos interessa. A gente quer organizar as coisas para garantir um debate de conteúdo”, antecipa o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), um dos defensores mais aguerridos da presidente Dilma.
O próprio petista já se envolveu em bate-boca no plenário e reconhece que a sessão de segunda-feira (29) “não será fácil”, mas reforça que o julgamento não pode fugir do controle. “Será uma sessão dramática, tensa, histórica. A Casa vai estar cheia, com convidados, inclusive com muitos deputados federais também. Mas precisamos de um acordo de procedimentos. Eu sei que não é simples, mas temos que tentar”, afirma ele.
Na avaliação do petista, um acordo com a oposição não é impossível. “Se eles passarem do ponto com a presidente Dilma, eles vão errar politicamente. Ela pode até perder a votação, mas terá o apoio da população”, acredita Lindbergh Farias. Já a oposição quer justamente se reunir no domingo (28) para definir o tom das perguntas à petista. Eles temem que ela adote o que chamam de “discurso de vítima”. Aliados da presidente Dilma defendem que ela faça um discurso inicial pessoal e emotivo, características que ela geralmente não utiliza em seus pronunciamentos.
Na sessão de segunda-feira (29), marcada para as 9 horas, ela deve ter 30 minutos para falar aos senadores, antes do interrogatório. O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva pode acompanhar a visita dela ao Senado, mas a presença do petista ainda não estava confirmada até este sábado (27). Um grupo de cerca de 30 assessores da presidente Dilma também deve acompanhá-la no Senado. Até agora, as galerias da Casa têm sido ocupadas praticamente apenas por jornalistas que fazem a cobertura das sessões. O acesso do público sem credenciais específicas está proibido.
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