A Operação Lava Jato avança sobre ex-ministros que compuseram o primeiro escalão dos governos Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff. Na petição encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da qual pede autorização para ouvir o ex-presidente Lula sobre o esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014, a Polícia Federal cita nove autoridades que ocuparam funções e cargos estratégicos nas gestões petistas.
A PF não faz nenhuma imputação às autoridades e aos políticos, mas entregou ao Supremo uma planilha com os nomes dos alvos da Lava Jato, e a “situação” de cada um. Estão na lista o ex-ministro de Cidades Aguinaldo Ribeiro (2012-2014), o ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda/2003-2006, e Casa Civil/2011), o senador Edison Lobão, ex-ministro de Minas e Energia (2008-2010 e 2011-2015), o ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Gilberto Carvalho (2011-2015), a senadora Gleisi Hoffmann, ex-ministra da Casa Civil (2011-2014), a ex-ministra Ideli Salvatti, ex-ministra das Relações Institucionais (2011-2014), o ex-ministro de Cidades Mário Negromonte (2011-2012), o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (2003-2005), o ex-ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão Paulo Bernardo (2005-2011).
Os ex-ministros de Lula e Dilma negam taxativamente envolvimento com o esquema investigado pela Lava Jato. Palocci é alvo da força-tarefa do Ministério Público Federal, em Curitiba, base da Lava Jato na 1ª instância judicial.
Palocci é investigado por supostamente ter solicitado R$ 2 milhões ao doleiro Alberto Youssef para a campanha da então candidata à presidência Dilma Rousseff, em 2010, segundo a delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Youssef nega que tenha pedido os valores a Paulo Roberto Costa para repassar a Palocci.
“As investigações quanto ao primeiro escalão do Poder Executivo serão ainda instruídas com os elementos de prova produzidos nos inquéritos que tramitam na 13ª Vara Federal de Curitiba, especialmente quanto aos investigados José Dirceu de Oliveira e Silva e Antônio Palocci Filho, bem como com os elementos de prova produzidos nos demais inquéritos que tramitam no STF. Igualmente, serão ainda carreados para os autos os Termos de Colaboração do empresário Ricardo Pessoa, proprietário da UTC Engenharia”, aponta o documento subscrito pelo delegado federal Josélio Sousa.
Ricardo Pessoa é um dos delatores da Lava Jato. Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. O empreiteiro afirmou, em sua delação, ter se encontrado sete vezes com Lula e ter entregue R$ 2,4 milhões em dinheiro vivo para a campanha do petista em 2006, mas admitiu não saber se o ex-presidente tinha conhecimento que o dinheiro era ilegal.
Presidente da UTC Engenharia, ele é apontado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal como o presidente do “clube vip” das empreiteiras que se apossaram de contratos bilionários da Petrobras entre 2004 e 2014.
Pessoa foi preso em novembro de 2014, na Operação Juízo Final, etapa da Lava Jato que derrubou o braço empresarial do esquema de propinas na estatal. O delator foi para regime domiciliar em março deste ano.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o PT informou “que não vai se pronunciar pois não tem conhecimento oficial dessa demanda da Polícia Federal”.
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Síria: o que esperar depois da queda da ditadura de Assad