Policiais federais cumprem nesta sexta-feira (27) mais dois mandados de prisão preventiva relativos à investigação da Operação Lava Jato. Um está sendo cumprido no Rio de Janeiro. Em São Paulo, os policiais cumprem um mandado de prisão e um de busca e apreensão.
Preso na Lava Jato, diretor-presidente do Grupo Galvão teve mais de US$ 4 milhões na Suíça entre 2006 e 2007
Preso na manhã desta sexta-feira pela Polícia Federal, o diretor-presidente e membro do conselho de administração do Grupo Galvão, Dario de Queiroz Galvão Filho, tinha uma conta numerada na Suíça com saldo de US$ 4.062.429,71 em 2006/07.
Os dados fazem parte do acervo de informações da agência de “private bank” do HSBC, em Genebra, na Suíça. A conta de Dario é identificada pelo código alfanumérico “22666 ED” e tem vinculação como outros integrantes de sua família. O saldo era compartilhado por todos.
O diretor-presidente e membro do conselho de administração do Grupo Galvão administrava seus recursos na Suíça, à época em que os dados foram extraídos dos arquivos do HSBC, por meio de duas empresas “offshore, Fipar Assets Ltd. e Montitown United Ltd., ambas com sede em Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas –um conhecido paraíso fiscal do Caribe.
Além de Dario de Queiroz Galvão Filho, outros integrantes da família mantinham contas no HSBC. Os dados foram revelados pela investigação conduzida pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) numa parceria com o jornal francês “Le Monde”. A apuração foi batizada de SwissLeaks (vazamentos suíços) porque teve origem no maior furto de dados bancários da história, numa agência do HSBC, em Genebra.
No Brasil, as reportagens são realizadas com exclusividade pelo UOL, por intermédio do jornalista Fernando Rodrigues (integrante do ICIJ), e pelo jornal “O GLOBO”.
Outro lado
Por meio de sua assessoria, a empreiteira Queiroz Galvão negou irregularidade na existência das contas na Suíça. A empresa não comenta a operação por meio de offshores. “A Queiroz Galvão afirma que todo o patrimônio dos seus acionistas porventura existente no exterior sempre se submeteu aos registros cabíveis perante as autoridades competentes”. A Galvão Engenharia, por meio do advogado da família, José Luis Oliveira Lima, disse apenas não ter “nada a declarar”.
Os presos serão levados à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde ficarão à disposição da Justiça Federal. Eles devem chegar à PF na tarde desta sexta-feira. Ao todos, dez policiais participaram da ação.
Foram detidos Dario de Queiroz Galvão Filho, um dos acionistas do Grupo Galvão; e Guilherme Esteves, apontado como um dos operadores dos desvios.
O diretor-presidente e membro do conselho de administração do Grupo Galvão foi preso em sua casa, em São Paulo, na qual a PF também cumpriu mandado de busca e apreensão. Ele é o segundo executivo do grupo a ir para a prisão na Lava Jato. Já está preso desde novembro Erton Fonseca, diretor-presidente da Galvão Engenharia, uma das empresas do Grupo Galvão.
O motivo da prisão, de acordo com o despacho do juiz federal Sérgio Moro, foi a confirmação por meio de depoimentos de testemunhas e novos documentos de que Dario de Queiroz Galvão Filho seria o mandante e principal responsável pelos crimes praticados no âmbito da empresa Galvão Engenharia no esquema. “A medida se justifica diante dos indícios supervenientes de que era Dario Galvão, como mandante, o principal responsável pelos crimes no âmbito da Galvão Engenharia”, diz um trecho do despacho.
De acordo com Moro, surgiram evidências de que Dario Galvão teria maior responsabilidade no esquema que o executivo Erton Fonseca, preso desde novembro do ano passado. Moro também justifica a prisão preventiva como foram de evitar que Dario Galvão tente ocultar provas. “O apelo à ordem pública, para prevenir novos crimes de lavagem, para prevenir que o produto do crime seja cada vez mais ocultado pelo investigado ou ainda em decorrência de gravidade em concreta dos crimes praticados, justifica a preventiva”, avalia o juiz.
A Galvão engenharia é uma das 16 empreiteiras alvo da investigação sobre propinas, corrupção e carteirização na Petrobras.
Na última quarta-feira, 25, a Galvão protocolou no Rio de Janeiro pedido de recuperação judicial, alegando dificuldades financeiras por causa de inadimplência, inclusive da Petrobras.
Nos últimos dias, dois empreiteiros fizeram revelações à força tarefa da Lava Jato, acerca do envolvimento de outros empresários. Um deles é Gerson Almada, da Engevix Engenharia. O outro é o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia.
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A PF também prendeu na manhã desta sexta, Guilherme Esteves, apontado como operador do esquema que distribuía propinas a dirigentes da Petrobras e políticos em troca de contratos da petroleira estatal. Ele operava o esquema junto ao estaleiro Jurong, no Espírito Santo.
O mandato foi cumprido no Rio de Janeiro. Ele já estava envolvido na nona fase da operação, quando foi avo de um mandado de condução coercitiva.
O motivo da prisão, de acordo com o despacho do juiz federal Sérgio Moro, foi a tentativa de Esteves de oculpar provas dos investigadores. De acordo com o relato da PF, quando os policiais chegaram na casa do operador para cumprir um mandado de busca e apreensão durante a nona fase da Lava Jato, a esposa dele saiu pelos fundos com um pacote nas mãos.
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Leia a matéria completa“Enquanto a Polícia Federal aguardava para ingressar na residência de Guilherme, já que supostamente estariam recolhendo, para tanto, os cachorros, a esposa deste, Lilia Loureiro Esteves de Jesus deixou o local pelas portas dos fundos com um grande pacote em suas mãos”, diz o despacho. “Ficou claro, portanto, que houve evidente intenção de sonegar provas que poderiam ser apreendidas no curso da execução do mandado de busca e apreensão em união de desígnios do casa”, concluiu o juiz.
Ainda segundo o despacho, no dia seguinte, Esteves tentou sacar R$ 300 mil em sua conta no banco HSBC, no Rio de Janeiro.
Ainda hoje, serão ouvidas outras oito testemunhas relacionadas às empresas envolvidas no esquema de corrupção.
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