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A Polícia Federal fez uma operação para acabar com um cartel que mandava nos preços de combustíveis em Pernambuco e, principalmente, na Paraíba. A operação foi chamada de 274, referência ao preço da gasolina na maioria dos postos de João Pessoa, capital paraibana, palco de grande parte da ação.

Na madrugada desta sexta-feira (4), a Polícia Federal começou a cumprir 48 mandados de prisão e de busca e apreensão contra donos de postos e distribuidoras de combustível. Dezesseis acusados foram detidos em João Pessoa e no Recife. Os presos em Pernambuco foram levados para a capital paraibana, onde prestaram depoimento.

O esquema de venda combinada teria o envolvimento da associação que regulamenta o comércio do combustível em João Pessoa. Sérgio Tadeu, o presidente da Associação fazia ameaças a quem tentasse furar o esquema.

Na escuta telefônica, autorizada pela Justiça, ele se refere à gasolina como "entrada para o cinema":

Sérgio Tadeu: Mas é estratégia. Ou a gente trabalha dentro de uma estratégia ou não existe, existe guerra. Porque a gente não pode deixar aquele cidadão vendendo a quantidade de entrada que ele está vendendo para o cinema. Está uma fila imensa, e a gente precisa que o menino do outro lado também exiba o filme. A gente precisa mostrar que existe essa estratégia, que existe uma união em torno disso.Empresário: É...Sérgio Tadeu: Eu falaria com o outro menino do outro lado, o...Empresário: Sei, sei...Sérgio Tadeu: Exato. Pra poder ele também não vender entrada nenhuma, entendeu?

Em outro trecho da escuta, eles discutem o preço da gasolina e se queixam que um concorrente cobra um valor que para eles é barato demais:

Sérgio Tadeu: Não é patamar para deixar vendendo ingresso tendo vantagem, não. É para ficar no preço de custo do ingresso.Empresário: Só se for assim. Quanto é que está custando esse ingresso hoje, lá?Sérgio Tadeu: R$ 2,20, R$ 2,23, R$ 2,22.Empresário: É patamar de sufoco, né?

Perseguição

"Estabelecido o preço de R$ 2,74, ficou determinado ao mercado isso. Todo e qualquer empresário que eventualmente tentou se aventurar numa promoção, sofreu todo tipo de perseguição", afirmou Marcos Cotrim, delegado da Polícia Federal responsável pela operação.

Uma das maiores redes de postos de João Pessoa era controlada pelo empresário pernambucano Marcelo Tavares de Melo, que também é dono de uma distribuidora de combustíveis – a lei proíbe que donos de distribuidoras tenham postos no mercado varejista. Marcelo foi o primeiro a ser preso, na sexta-feira.

Segundo a Polícia Federal a cartelização existe há pelo menos dez anos em João Pessoa. A capital tem 95 postos de combustíveis, e quase todos cobravam R$ 2,74 pelo litro da gasolina. O Procon e o Ministério Público lançaram boicotes para forçar a queda do preço, mas o cartel não cedeu às pressões dos órgãos de defesa do consumidor.

No começo da tarde de sexta, quatro pessoas foram liberadas. Os outros acusados foram levados para o Centro de Ensino da Polícia Militar, na periferia de João Pessoa, onde devem passar o fim de semana. Eles responderão por crime contra a ordem econômica e formação de quadrilha. Se condenados, podem pegar até cinco anos de cadeia.

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