Dirigentes de partidos de oposição e até do governo consideram que a Polícia Federal "exorbitou" de suas funções durante a Operação Castelo de Areia ao investigar a empreiteira OAS e o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão. Mencionado em uma das gravações feitas pela PF por ter recebido R$ 300 mil da construtora Camargo Corrêa, o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), vê motivações políticas na ação da Polícia Federal. "A Polícia Federal exorbitou. Houve vazamento para comprometer pessoas. Há indícios de que a PF estaria desempenhando papel político", afirmou Agripino Maia, que apresentou os recibos comprovando que a doação da empreiteira para a campanha municipal de 2008 foi legal.
"Essa história está com toda a pinta de trapalhada. Trapalhada, aliás, conveniente para o governo", disse o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Para ele, a operação da PF, com a divulgação de nomes da oposição no escândalo, é "conveniente" para o governo para abafar a queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o crescimento das candidaturas de oposição à sucessão presidencial. "Além disso, a crise está chegando aos municípios e as pessoas começam a sentir seus efeitos", argumentou o tucano.
Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos, o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), não tem dúvidas de que o vazamento de determinados dados da Operação Castelo de Areia foi seletivo. Delegado licenciado da Polícia Federal, ele criticou ainda as investigações de pessoas, sem indícios claros de seu envolvimento no esquema criminoso. "Não podemos incorrer no erro de investigar pessoas para apurar fatos criminosos", observou. Para ele, não cabe à PF "interpretar" os grampos telefônicos. "Pior que o grampo, é a interpretação do grampo", disse Itagiba, numa referência às gravações em que funcionários da Camargo Correa falam em doações "por dentro" para políticos. "Aí já se supõe que tem doação por fora", disse.
Não é só a oposição, porém, que reclama de "excessos" cometidos. O governo também avalia que o viés político e o caráter de "pirotecnia" dados à Operação Castelo de Areia eram desnecessários. Em mais de uma conversa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não escondeu a contrariedade ao saber que a procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn, responsável pelo pedido de prisão de 14 suspeitos - entre eles os quatro diretores da empreiteira Camargo Corrêa e o doleiro Kurt Paul Pickel -, jogou os holofotes da investigação para as doações de campanha.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, insistiu em que o alvo da Castelo de Areia é o esquema montado sob medida para remeter valores desviados do Tesouro a paraísos fiscais, e não o financiamento de partidos políticos. A primeira etapa da investigação apontou para evasão de R$ 20 milhões, segundo estimativa da própria Procuradoria da República. Tarso não quis, porém, pôr mais combustível na polêmica. "Quem investiga viés político é o tribunal eleitoral", desconversou.
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