Funcionário antigo do deputado federal pelo Paraná João Arruda (PMDB), Heuler Iuri Martins aparece em interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Carne Fraca, que apura a existência de uma organização criminosa dentro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Na manhã desta sexta-feira (17), Heuler foi alvo de mandado de condução coercitiva – quando a pessoa é levada para prestar depoimento. Policiais federais também fizeram apreensões na sua casa em Brasília.
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Heuler teria entrado em contato com Sidiomar de Campos, agente administrativo da Unidade Técnica Regional de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (UTRA) em Londrina, para atuar em defesa de interesses de uma empresa de laticínios, localizada no município de Sapopema.
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De acordo com a PF, Heuler teria repassado para a empresa instruções de Sidiomar de Campos para que ela escapasse da fiscalização do Mapa.
O assessor parlamentar ainda teria reclamado do trabalho de uma fiscal agropecuária, em conversa com Gil Bueno de Magalhães, superintendente regional do Mapa no Paraná. “Deixa eu te falar uma coisa, rapaz, aquela Juliana está fazendo um terrorismo em cima daquele pessoal lá de Sapopema que você não tem ideia”, disse Heuler, no diálogo gravado pela PF, em referência à mesma empresa de laticínios.
A PF pediu prisão preventiva tanto de Sidiomar de Campos quanto de Gil Bueno de Magalhães.
Em depoimento à PF, Heuler negou participação no suposto esquema criminoso. A reportagem não conseguiu contato direto com ele.
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O deputado federal João Arruda disse à Gazeta do Povo que “foi pego de surpresa”, pois “gosto do trabalho dele, é um bom assessor, grande assessor, desde o primeiro ano do meu mandato”. “Eu não acredito que tenha nada contra ele. Eu sei que ele tinha contatos no Mapa, mas era um contato natural, por causa do trabalho”, disse o parlamentar.
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