Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (17) a operação Positus que investiga um desvio de R$ 180 milhões no Postalis, o fundo de pensão dos Correios. Foram expeditos sete mandados de busca e apreensão em São Paulo, Brasília, Belém e João Pessoa.
Segundo entrevista concedida em coletiva de imprensa pelo chefe da Delefin (Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e Desvios de Recursos Públicos), Milton Fornazari Junior, o principal investigado é acusado de fazer aplicações fraudulentas no exterior com recursos do Postalis. Um mandado de prisão preventiva foi expedido contra o acusado, mas ele está foragido.
“Ele estava morando nos Estados Unidos, requereu recentemente um passaporte italiano e teria se mudado para lá. Hoje está com o paradeiro desconhecido e por isso foi incluído na lista de procurados pela Interpol”, disse Fornnazari.
O investigado é Fabrizio Neves, um dos donos de dois fundos que, segundo a investigação, continham mais de R$ 370 milhões em aplicações do Postalis, cerca de 5% dos ativos do fundo de pensão dos Correios.
Eles eram geridos Atlântica Administradora, que tinha como responsáveis, além de Neves, André Barbieri e Cristiano Giorgi Muller, que tiveram suas residências em São Paulo como alvos de busca e apreensão da operação.Também estão os investigados o ex-presidente do Postalis Alexej Predtechensky e o ex-diretor financeiro do fundo Adilson Florencio da Costa.
Segundo os delegados, a fraude consistia na compra de títulos do mercado de capitais, por uma corretora americana. Depois ela os revendia por um valor maior para empresas sediadas em paraísos fiscais. Posteriormente, os títulos eram adquiridos pelos fundos do Postalis com um aumento ainda maior no valor dos títulos.
“Existiram operações que, no mercado de capitais, em dois dias, tiveram valorização de 60%”, afirma Alexandre Manoel Gonçalves, delegado que coordenou a operação. “Foi uma manobra para valorizar artificialmente um recurso num curto período de tempo”, emendou ele.
O prejuízo estimado para o Postalis é de R$ 180 milhões. Segundo a PF, mais da metade desse valor foi apropriada pelos investigados, que incluem pessoas que decidiam onde seria aplicado o recurso do Postalis e também por ex-dirigentes do fundo. O esquema lesou todos os contribuintes do fundo de pensão e perdurou entre 2006 e 2011.