O delegado da Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo, coordenador da Operação Lava Jato, pediu nesta terça (18) a prorrogação do prazo para libertar seis dos 15 executivos presos temporariamente na última sexta| Foto: Aniele Nascimento / Agência de Notícias Gazeta do Povo
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Lobista Fernando Baiano se entrega à PF em Curitiba

O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, se entregou na tarde dessa terça-feira (18) na superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Acusado por delatores de cobrar propina de obras na Petrobras para o PMDB, ele era procurado pela polícia desde a operação que tadlink href="1513662">resultou na prisão de uma dezena de envolvidos na semana passada.

Desde a última sexta-feira (14), ele estava escondido em São Paulo. Baiano é suspeito de ser o elo entre PMDB e esquema de corrupção na Petrobras. Na segunda-feira (17), o advogado de Fernando Baiano, Mario de Oliveira Filho, disse que seu cliente é usado como "bode expiatório" da operação Lava Jato.

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Executivo da Galvão Engenharia teria sido extorquido

O diretor de Óleo e Gás da Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca, afirmou, em depoimento à Polícia Federal (PF) que teria sido vítima de extorsão por parte dos diretores da Petrobras. De acordo com o advogado do executivo, José Luis de Oliveira Lima – que também é advogado do ex-ministro José Dirceu – a empreiteira fez contratos dentro da legalidade e o pagamento de propina teria sido feito posteriormente, por pressão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras e do doleiro Alberto Youssef.

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Funcionários da Iesa negam propina e não recebem oferta de delação premiada

Os dois funcionários da empresa Iesa Óleo e Gás, que estão presos na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, já foram ouvidos e, segundo Edson Luiz Silvestrin Filho - o advogado da dupla - os dois não receberam oferta de delação premiada.

Os dois negaram no depoimento que tenha havido oferecimento de propina para que a empresa ficasse com contratos da Petrobras. A Lava Jato investiga a possível formação de um cartel para fraudar licitações da estatal.

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O delegado da Polícia Federal (PF) Márcio Adriano Anselmo, coordenador das investigações da Operação Lava Jato, pediu nesta terça-feira (18) a prorrogação do prazo para libertar seis dos 15 executivos presos temporariamente na última sexta-feira (14), durante a deflagração da 7ª fase da operação. O pedido foi feito à Justiça Federal na tarde desta terça-feira (18) e ainda não foi julgado pelo juiz Sério Moro.

A PF quer prorrogar por mais cinco dias a prisão temporária de Mateus Coutinho de Sá Oliveira, Alexandre Portela Barbosa e José Aldemário Pinheiro Filho, da OAS; de Ricardo Ribeiro Pessoa e Walmir Pinheiro Santana, da UTC; e do ex-diretor da Petrobras, Renato de Souza Duque. "Não foi possível estabelecer ainda o confronto de eventuais declarações divergentes, como por exemplo no caso de Renato de Souza Duque, bem como a análise, embora preliminar, do material apreendido, a permitir um questionamento específico aos presos, acerca de eventuais documentos arrecadados", diz um trecho do pedido encaminhado ao juiz federal Sérgio Moro.

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No documento, a Polícia Federal lista os presos que devem ser libertados ainda nesta terça-feira (18). Entre eles, estão Ednaldo Alves da Silva, da UTC; Carlos Eduardo Strauch Albero e Newton Prado Júnior, da Engevix; Otto Garrido Sparenberg e Valdir Lima Carreiro, da Iesa; Othon Zanoide de Moraes Filho e Ildefonso Colares Filho, da Queiroz Galvão; Carlos Alberto da Costa Silva, da UTC; e Jayme Alves de Oliveira Filho, funcionário de Alberto Youssef. Eles devem ser liberados no fim da tarde desta terça-feira (18).

Das 23 pessoas presas na última sexta-feira (14), 15 deveriam deixar a carceragem da Polícia Federal em Curitiba nesta terça-feira (18). Elas estavam em regime de prisão temporária, que permite que a pessoa seja mantida por cinco dias na carceragem. O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Justiça em Curitiba, deve decidir hoje sobre a soltura desses 15 suspeitos.

O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que está entre os seis presos que a Polícia Federal pediu para estender o prazo de detenção, é acusado de ser operador do Partido dos Trabalhadores (PT) no esquema de corrupção que destinava recursos públicos para o financiamento de campanhas políticas. Outros dois suspeitos de participação no esquema devem deixar a prisão na quarta-feira (16) e outros seis devem permanecer na prisão.

O advogado de Renato Duque, Alexandre Lopes de Oliveira, entrou com um pedido pedindo que a prorrogação da prisão temporária do ex-diretor da Petrobras não seja aceita pela Justiça. "Avizinhando-se o término do prazo, já tendo sido realizada a diligência de busca, colhidos inúmeros documentos, bem assim tomado o depoimento (...) em que respondeu às indagações formuladas", diz um trecho do documento. O advogado afirma que "a autoridade policial não indicou, em seu pleito de prorrogação, qualquer elemento que demonstre ser a prisão de Renato Duque fundamental para a continuidade da investigação".

Há um acusados que seguemm foragidos. Adarico Negromonte Filho, apontado como uma das pessoas ligadas à Alberto Youssef, protocolou um pedido de revogação de sua prisão temporária. Ele é considerado foragido desde a última sexta-feira (14), quando não foi encontrado pela PF. A advogada Joyce Roysen afirma, no documento protocolado nesta terça-feira (18), que Negromonte nunca residiu no endereço onde foi procurado pela polícia, e sim em Registro (SP). Entre os argumentos usados para pedir a revogação da prisão, estão a idade do suspeito (70 anos), o fato de ser réu primário, com bons antecedentes e possuir residência fixa e ocupação lícita. Negromonte se compromete a comparecer à sede da PF em Curitiba sempre que intimado para auxiliar nas investigações.

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Luiz Roberto Pereira, funcionário da Engevix, se colocou nesta terça-feira (18) a disposição da PF para colaborar com as investigações. De acordo com o documento protocolado pelo advogado Fábio Tofic Simantob, Pereira retornou de uma viagem ao exterior no domingo (16). A Justiça Federal havia expedido um mandado de condução coercitiva, para que Pereira fosse à delegacia prestar esclarecimentos.

Depoimentos

Pelo menos 15 dos 23 executivos presos na sétima fase da Operação Lava Jato foram ouvidos pelos delegados da superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde sábado (15), quando os 17 pedidos de prisão preventiva e seis de prisão provisória foram emitidos.

Na segunda-feira (17), ao menos dez depoimentos foram tomados pelos quatro delegados incumbidos de ouvir os executivos, em relatos que variaram de uma hora e vinte minutos a quatro horas e meia.

Ainda na manhã desta terça-feira (18), conforme relato do advogado Carlos Alberto Toron – que defende os funcionários da UTC –, foram ouvidos Walmir Pinheiro Santana, diretor-financeiro da empresa, e Ednaldo Alves da Silva, que fazia o transporte de recursos para a UTC. De acordo com o advogado, os acusados responderam a todos os questionamentos, que eram principalmente sobre o arranjo entre as empresas para ganhar licitações e o pagamento de propina a agentes públicos. O depoimento mais esperado do dia é de Ricardo Ribeiro Pessoa, presidente da empresa, que deve acontecer durante a tarde.

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Também devem ser ouvidos nesta terça: Sergio Cunha Mendes, vice-presidente executivo da Mendes Júnior, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor-presidente da divisão internacional de petróleo e gás da OAS – ambos com prisão preventiva de 30 dias –, e o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, ligado a empresas do doleiro Alberto Youssef.

O diretor-presidente da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini, e o presidente do conselho administrativo da empresa, João Ricardo Auler, também devem ser ouvidos ainda nesta terça-feira. Porém, a Polícia Federal não confirma quantos depoimentos formam tomados até o momento.

Condições são "razoáveis"

Ainda de acordo com o advogado da empresa UTC, as condições da carceragem não são das melhores. "Comparado com o presídio de Pedrinhas [no Maranhão] é razoável. Mas ainda tem muita gente dormindo em colchonetes no chão", disse. Toron afirmou que os presos não podem fumar e remédios só entram na carceragem com receita médica. O doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do esquema, se mantém afastado dos outros presos.

Não falaram

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A princípio, optaram por não falar somente cinco executivos da empreiteira OAS: José Ricardo Nogueira Breghirolli, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Mateus Coutinho de Sá Oliveira, Alexandre Portela Barbosa e José Aldemário Pinheiro Filho.

Valdir Lima Carreiro e Otto Garrido Sparenberg, da Iesa, falaram por cerca de uma hora e meia cada um.