Pouco mais de uma semana depois de dar início a outra etapa da Operação Lava Jato, a segunda após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de fatiar a investigação, tirando do juíz federal Sergio Moro os casos relacionados à Consist e a Eletronuclear, a Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (24) uma nova fase da operação, chamada de “Passe Livre”.
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Desta vez, as investigações apuram a possibilidade de fraude no procedimento de contratação de navio sonda pela Petrobras. O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi preso em um hotel de Brasília. Bumlai iria depor nesta tarde na CPI do BNDES.A 20.ª fase mirou na compra da Refinaria de Pasadena.
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Leia a matéria completaSegundo o advogado do pecuarista, Arnaldo Malheiros Filho, dois filhos de Bumlai, Maurício e Guilherme, também foram levados à PF de Brasília para prestarem depoimento nesta terça.
Malheiros Filho disse que ainda não sabe as acusações contra seu cliente e que, portanto, não poderia comentar a ação.
A secretaria da CPI foi comunicada pela 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelas investigações da Lava Jato, sobre prisão de Bumlai e que, por isso, ele não poderia comparecer ao depoimento. Outra data deve ser marcada posteriormente.
Segundo as primeiras informações, ele estava bastante tranquilo durante a ação da PF que ocorreu no hotel Golden Tulip, localizado a poucos metros do Palácio da Alvorada. Bumlai foi levado para o aeroporto de Brasília, de onde seguiu em uma aeronave da PF para a Superintendência de Curitiba.
No hotel em Brasília, os agentes da PF chegaram a procurar documentos do empresário. Entre os mandados, também estão buscas em escritórios de Bumlai.
Bumlai foi descrito pelo delator da Operação Lava Jato Fernando Soares, o Baiano, como uma espécie de lobista na Sete Brasil, empresa que administra o aluguel de sondas para a Petrobras no pré-sal. Em depoimento, Baiano disse que em 2011 era representante da empresa OSX, de Eike Batista, que tentava obter contratos na Sete Brasil.
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Leia a matéria completaBaiano, de acordo com o documento, procurou ajuda de Bumlai porque soube que ele tinha proximidade com o ex-ministro Antonio Palocci.
No total, a Operação Passe Livre cumpre 32 mandados, sendo 25 de busca e apreensão, um de prisão preventiva e seis de condução coercitiva. Segundo aponta a Polícia Federal (PF), complexas medidas de engenharia financeira foram utilizadas pelos investigados nesta fase para ocultar o verdadeiro destino dos valores indevidos pagos a agentes públicos e diretores da estatal. A PF ainda esteve na sede do BNDES no Rio. Pediu contratos pontuais e já saiu do banco com todos eles.
O pecuarista, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, afirmou que levou o presidente da Sete Brasil a um encontro com Lula, mas negou ter providenciado benefícios a parentes dele.
Dívida
Bumlai também disse que recebeu um repasse de Baiano referente a um empréstimo. O novo delator diz que perdoou um empréstimo de R$ 12 milhões que havia feito ao pecuarista em 2004 em troca de um contrato de R$ 1,6 bilhão com a Petrobras. Bumlai teria intermediado o negócio. O valor não pago ao banco foi para o PT, na narrativa do delator.
O empréstimo foi feito pelo Banco Schahin, mas não foi quitado. Para compensar a dívida, Bumlai teria ajudado o grupo a conseguir o contrato de um navio-sonda com a Petrobras. Outros dois delatores da Lava Jato (Fernando Soares e Eduardo Musa) contaram versão similar.
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Leia a matéria completaÀ Folha de S.Paulo, Bumlai negou e disse ter como provar isso com documentos. A versão dele é que pegou emprestados R$ 12 milhões para comprar uma fazenda, o negócio não deu certo e o vendedor devolveu-lhe R$ 12,6 milhões em três anos. Em entrevista, ele afirmou que esteve três vezes no gabinete de Lula quando ele foi presidente e que ajudou a mostrar a empresários que o petista não era “um monstro”.
Após a divulgação do caso, Lula afirmou que nunca atuou como intermediário de empresas nem autorizou lobby em seu nome.
Suspeitos
Os investigados na nova fase são suspeitos pela prática dos crimes de corrupção passiva e ativa, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, fraude a licitação, falsidade ideológica e falsificação de documentos. Os mandados estão sendo cumpridos por 140 policiais federais e 23 auditores fiscais.
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