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O telefonema de uma assistente social, por volta de 1h30 da manhã desta quarta-feira (18), pôs fim a horas intermináveis de angústia e enterrou as esperanças da família de Kleyber Lima, 54.
Naquela hora, a pedagoga Sherydan recebeu a confirmação de que o irmão pilotava o vôo JJ 3054 da TAM, que se chocou contra um prédio da companhia próximo ao aeroporto de Congonhas, no pior desastre aéreo da história da aviação brasileira.
"A princípio, quando vimos o acidente na TV, estranhamos que ele não tivesse ligado para minha mãe, como costumeiramente fazia, para tranqüilizá-la. Ligamos para o celular dele, ficamos na esperança que ele estivesse em outro vôo", conta Sherydan.
Segundo ela, assim que a empresa divulgou o telefone para informações, começou uma série interminável de ligações. "Mas houve contradições, uns diziam que ele estava na lista de tripulantes, outros que não, o que gerou mais angústia."
Kleyber Lima tinha 54 anos, e nasceu em Roraima, mas mudou-se para Fortaleza, junto com a família, ainda pequeno. Começou a freqüentar as aulas no Aeroclube da cidade aos 16 anos e, aos 17, seguiu para São Paulo. Começou a trabalhar na Vasp, onde o pai, já falecido, foi radiotelegrafista. Tinha mais de 20 anos na TAM, segundo a irmã.
A mãe, de 78 anos, protestava. "Desde o princípio, quando ele começou as primeiras aulas no aeroclube para tirar o brevê, ela dizia que era uma profissão arriscada. Há algum tempo, vinha pedindo que ele deixasse", diz Sherydan.
Solteiro e sem filhos, o piloto, que costumava repetir à mãe que voar era mais seguro que andar de carro, há algum tempo falava em deixar a carreira e voltar para Fortaleza. "Não por conta da profissão em si, que era a vida dele", acrescenta a irmã, mas "por causa do estresse".
"Ele dizia que ia parar, que ia morar com a mãe. Mas acho que o amor pela profissão era maior", diz Sherydan, comovida.
Talvez por conta disso, as viagens a Fortaleza eram cada vez mais freqüentes. Da última, em no mês passado, Kleyber Lima anunciou à família que voltaria no próximo dia 24, após um vôo para o Chile. Dois irmãos e um cunhado do piloto estão em São Paulo para identificar o corpo e levá-lo a Fortaleza, onde deve ser enterrado.
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