Valdir Rossoni: o presidente estaria sendo espionado?| Foto: Antonio More/Gazeta do Povo

Há pouco mais de 30 anos, Edenilson Carlos Ferry, conhecido como Tôca, ocupa um cargo em comissão na Assembleia Legis­­lativa do Paraná. Muito conhecido entre os funcionários – e temido por alguns servidores e até por deputados estaduais –, Tôca ganhou visibilidade depois de um controverso processo que o levou até a presidência do Sindicato dos Servidores Legisla­­tivos (Sindilegis).

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No ano passado, depois que a Gazeta do Povo e a RPC TV mostraram um grande esquema de desvio de dinheiro dentro da Assembleia Legislativa, a então presidente interina do sindicato, Diva Scaramella Ogibowski, acusou funcionários e seguranças da Casa de estarem tentando intimidá-la. Na época, ela disse que foi enganada e acabou assinando uma ação em que pedia restrições a o trabalho do Ministério Público na apuração das denúncias. Diva es­­tava no cargo porque o então presidente do sindicato, Abib Miguel, o Bibinho, tinha sido preso, acusado de integrar quadrilha que desviou pelo menos R$ 100 milhões da Assembleia.

Segundo Diva, um grupo de pessoas invadiu a sede do sindicato para forçá-la a assinar uma carta de renúncia da presidência da entidade – o que ela se negou a fazer. Dias depois, os diretores do sindicato destituíram Diva. O comando passou para uma junta interventora, na qual Tôca exercia liderança. Ele só assumiu a presidência do sindicato na sexta-feira passada, ao vencer uma eleição sem concorrentes. O Sindilegis anunciou que Tôca recebeu 686 de 699 votos.

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Ainda no primeiro semestre de 2010, mais uma polêmica envolveu os seguranças da Casa e o nome de Tôca. O então presidente, deputado Nelson Justus (DEM), anunciou que apresentaria um projeto de lei em que criaria a Polícia Legislativa substituindo os seguranças. Insatisfeitos, eles teriam pressionado Justus e até agredido o chefe de gabinete do primeiro secretário, Alexandre Curi (PMDB). Policiais militares foram até a Assembleia, mas os agressores se trancaram na sala da segurança. Mais tarde, o caso foi tratado como um mal-entendido e descartou-se qualquer envolvimento de Tôca.

Outro fato que mostrou a influência do segurança sobre os funcionários da Casa foi a deflagração de uma greve, em outubro do ano passado, que resultou no fechamento da Assembleia por cinco horas. Dias antes da paralisação, o presidente do Sin­­dilegis foi até o Quartel Cen­­tral da Polícia Militar onde Bibinho estava preso. Na época, Tôca confirmou a visita, mas negou qualquer interferência externa nas decisões do sindicato e disse que visitou Bibinho na prisão apenas porque eles são amigos.