Rio de Janeiro - Enfraquecido pela série de denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (AP), o PMDB reagiu ontem com ataques aos dissidentes e um "recado": que eles deixem o partido "o quanto antes". Em nota divulgada no portal oficial, sem citar nomes, o comando nacional da legenda prometeu não cobrar na Justiça os mandatos dos parlamentares rebeldes, sob alegação de infidelidade partidária, se eles saírem do PMDB.
Dois dos principais críticos de Sarney são os senadores peemedebistas Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS). Ambos defendem que o presidente do Senado se afaste do cargo e consideram que a situação se agravou depois da censura imposta ao jornal O Estado de S. Paulo pelo desembargador Dácio Vieira, do Distrito Federal.
Assinada pelo presidente licenciado do PMDB, Michel Temer (SP) presidente da Câmara , e a presidente em exercício da legenda, a deputada Íris de Araújo (GO), a nota não faz referência à delicada situação de Sarney nem fala diretamente de Jarbas e Simon. Mas Temer e Íris são duros com os dissidentes, apesar de dizerem que "divergências são comuns em todos os partidos".
"O PMDB acata com humildade o descontentamento de alguns poucos integrantes que perderam espaço político e apostaram na fama efêmera oriunda de acusações vazias. E faz isso porque acredita piamente na democracia. A estes, o recado: podem deixar a legenda o quanto antes sem risco algum de perder o mandato. Ganharão eles, porque deixarão de pertencer ao partido do qual falam tão mal, e ganhará o PMDB, por tornar-se ainda mais coeso e musculoso", dizem os dirigentes.
A nota veiculada no portal do partido é uma versão ampliada de uma carta enviada à revista Veja, em resposta a reportagem publicada na edição passada. O presidente licenciado e a interina rejeitam a pecha de fisiologismo, dizem que o partido faz "alianças programáticas" e que "os cargos públicos são apenas consequência de ideais convergentes". Também negam que o partido seja comandado por caciques. "Caciques são a expressão do atraso."
Afronta
Pedro Simon considerou a nota "uma afronta ao histórico do PMDB". "Essa gente é muito petulante. Eu represento a história do PMDB. Eles que me expulsem, se quiserem. Eles gostariam de me expulsar, mas terão que pagar um preço muito caro. Não estou ferindo o programa partidário quando peço dignidade e honradez ao partido", reagiu o senador gaúcho.
Simon disse que a deputada Íris de Araújo, "coitadinha, foi levada a assinar esta carta". E protestou contra a condição de Temer de presidente licenciado. "Esse cidadão deveria ter renunciado à presidência do partido (quando assumiu o comando da Câmara). Se querem discutir a situação do partido, que convoquem uma convenção nacional", propôs.
Jarbas Vasconcelos disse, em outras ocasiões, que tem sido cobrado pelos eleitores. "As pessoas perguntam por que eu fico no PMDB, alguns dizem que o partido está podre. Eu explico que meu PMDB não é esse, mas que não vejo um novo quadro partidário."
A direção do PMDB se manteve distante da crise no Senado até a semana passada, quando Temer acertou com o senador Renan Calheiros (AL), líder do partido e do grupo de defensores de Sarney, que Íris de Araújo assinará representação contra o tucano Arthur Virgílio (AM) no Conselho de Ética do Senado. A atitude é uma resposta às denúncias contra Sarney encaminhadas pelo PSDB ao conselho.
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