Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) resolva na próxima quarta-feira (16) o rito do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prometeu na sexta-feira (11) que levará o pedido rapidamente ao plenário, que poderá analisá-lo em 45 dias. Cunha é o autor do recurso contra a regra definida pelo próprio STF para a tramitação do pedido.
“Se você respeitar todo o cronograma do que se tem estipulado na lei e no regimento, começando a partir de quinta-feira, se seguir o rito, os prazos da comissão, defesa, prazo para ir ao plenário, se interpretar o que está ali, 45 dias é um prazo razoável. Vamos ver o que o Supremo decide na quarta feira. Não posso dizer que eu vou instalar (a comissão do impeachment), quero ver o que o Supremo vai decidir. Mas na quinta (se houver decisão do STF), o processo volta ao curso da continuidade”, disse Cunha.
O presidente da Câmara, no entanto, disse que não é possível afirmar, com certeza, que o prazo será seguido, porque há fatores que podem influenciar a tramitação, como movimento de obstrução por parte dos deputados e recursos que possam ser feitos à Justiça, o que é natural em um processo desse tipo. O próprio Cunha se vale de todo tipo de manobra para atrasar a análise do processo de cassação a que responde no Conselho de Ética, em decorrência das denúncias de recebimento de propina no esquema de corrupção da Petrobras.
O desfecho rápido do processo — e do governo Dilma — não é esperado apenas por Cunha, adversário público do Planalto. O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Jorge Picciani (PMDB-RJ), e outros caciques peemedebistas estão colocando um prazo de validade no governo petista. A cúpula do partido, que se prepara para uma convenção nacional, neste sábado, não acredita em reação da presidente e chega a falar que o governo acabará dentro de um mês.
Em uma reunião com servidores e deputados estaduais, na última quarta-feira, Picciani, que se transformou em importante aliado do governo nos últimos meses, afirmou: “O governo federal vai cair nos próximos três meses”.
APROXIMAÇÃO COM TUCANOS
Em Brasília, o sentimento é de que o impeachment torna-se, a cada dia, mais fortalecido.
“Picciani está se dando conta da realidade. Fico feliz, porque isso mostra união do pensamento do partido”, disse o ex-deputado Geddel Vieira Lima (BA), próximo ao vice-presidente Michel Temer.
A cúpula partidária avalia que a falta de perspectivas com a presidente Dilma levou o PMDB do Rio a apoiar a reeleição de Temer a presidente do partido, por aclamação.
A mesma análise é feita com relação ao presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que ensaiou dificultar a recondução de Temer, mas acabou recompondo. Internamente, peemedebistas apostam no prazo de validade de Dilma, variando de 30 dias a cinco meses.
Recolhido, o vice-presidente Michel Temer telefonou na quinta-feira para o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), para parabenizá-lo pelo aniversário. Na conversa, o tucano relatou a Temer uma conversa muito proveitosa em jantar com a cúpula dos peemedebistas no Senado, no dia anterior. Os dois combinaram de marcar uma conversa “futuramente” sobre os rumos do país. No encontro, na casa do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), os integrantes dos dois partidos combinaram de “caminharem juntos” e buscarem alternativas.
“Não podemos ficar paralisados vendo o país derreter”, disse Eunício Oliveira (CE), líder do PMDB no Senado
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