A sede do diretório estadual do PMDB, na Avenida Vicente Machado, no bairro Batel, foi alvo de pichações e depredações neste domingo (4) e, para os parlamentares do partido, a situação é fruto de um descompasso entre posições políticas. A visão é compartilhada por deputados estaduais e federais do partido.
O local virou alvo de parte doa manifestantes do grupo CWB Contra Temer já na reta final da manifestação, quando o protesto alcançou a região da Batel. O ato deste domingo (4) acompanhou as movimentações em nível nacional, que se posicionaram de maneira adversa ao presidente Michel Temer (PMDB). Em Curitiba, o ato reuniu 500 pessoas segundo a Polícia Militar (PM) e 5 mil de acordo com os organizadores.
Segundo o deputado estadual Nereu Moura, 2º vice-presidente do PMDB no Paraná, o ataque à sede do partido foi despropositado. “Isso é inaceitável, descabido. Nós só temos a lamentar. Os manifestantes não reconheceram o que [o senador Roberto] Requião [presidente do partido no Paraná] fez em nível nacional ao lado de Dilma Rousseff (PT). Ele lutou contra o impeachment”, pondera. “Se eles depredaram o nosso partido, o que fariam com os outros? Estão atacando companheiros. Imagina o que fazem contra os inimigos”.
Curitiba terá Semana da Pátria marcada por protestos
Diversas manifestações estão previstas ao longo da semana na capital paranaense
Leia a matéria completa“Esse protesto estraga tudo o que Requião fez. Ainda não falei com ele, mas com certeza ele está angustiado com tudo o que está acontecendo. Todo o trabalho foi jogado no lixo com essa resposta”, continua Moura.
Para Antonio Anibelli Neto, 1º vice-presidente e também deputado estadual, essa ação não pode ser vista como uma resposta à realidade do partido em nível estadual. “Sinceramente, imagino que as depredações ocorreram pela ação de vândalos, de pessoas mal-intencionadas. Seria uma falta de coerência. Não tem lógica atacar o PMDB do Paraná para protestar contra o impeachment”, afirma.
Manifestantes atacam sede do PMDB em Curitiba
Leia a matéria completa“Se fosse o PMDB do Rio Grande do Sul até teria ‘lógica’, porque eles se posicionaram favoráveis ao impeachment. Mas aqui não. Já fomos alvo de pichações do passado. Não faz sentido”, conclui Neto.
Já para Ademir Bier, colega de partido dos deputados na Assembleia Legislativa, os protestos perderam a razão quando desencadearam para a violência. “As pessoas têm liberdade para protestar, para se manifestar. Mas elas não podem depredar patrimônios públicos e privados”, comenta o 3° vice-presidente do PMDB no estado.
À Gazeta do Povo, no final do domingo (4), o secretário-geral do partido no Paraná e deputado federal, João Arruda, afirmou que os ataques foram orquestrados. “Pessoas contrárias ao Partido dos Trabalhadores (PT) podem estrategicamente estar por trás desses atos. Os líderes do movimento sindical não incitariam esse tipo de coisa”, afirmou. “É um vandalismo absurdo. Eu acho que não é coisa de petista. A militância do PT sabe que Requião é contra o impeachment e é presidente do partido no estado”.
Tanto o senador Roberto Requião quanto Requião Filho, candidato à prefeitura pelo PMDB, ainda não se manifestaram publicamente sobre a ocorrência. Os dois se posicionam abertamente contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT).
A cúpula do partido registrou Boletim de Ocorrência (BO) e reuniu fotos para denunciar a depredação. “Fizemos o BO e levantamentos todas as informações para repassar para as autoridades. Fotografamos tudo”, afirma Sérgio Ricci, secretário adjunto do partido. O tesoureiro do partido, Luiz Fernando Delazari, afirma que todas as informações sobre os atos foram repassadas à Polícia Militar (PM).
Nenhum manifestante foi detido pela PM. A Polícia Civil está investigando os casos de depredação da cidade. Na semana passada, a Gazeta do Povo e uma das sedes da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) foram depredadas.
Outro lado
A página oficial do CWB Contra Temer se manifestou sobre os incidentes de domingo (4). “As ações de hoje [domingo] não são orientadas ou organizadas pelo grupo que convoca e organiza os atos. Não podemos criminalizar a vontade de alguns cidadãos, mas danos ao patrimônio de outrem, que hoje pode ter sido de trabalhadores, não é nosso objetivo. O PMDB é sim um inimigo, mas deve ser derrotado nas ruas e na conscientização de que é um dos principais problemas políticos do Brasil uma vez que comanda a maioria dos cargos legislativos e executivos.”
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada
Deixe sua opinião