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A cúpula do PMDB reúne-se nesta quarta-feira (15) à noite para discutir a permanência no governo Dilma Rousseff em um clima de tensão entre as lideranças. O partido está contrariado com a resistência da presidente em ceder o Ministério da Integração Nacional à legenda e também com a indefinição dos palanques estaduais que envolvem petistas e peemedebistas. O movimento interno para afastar-se do governo começou na segunda-feira (13) após uma reunião da presidente com o vice Michel Temer, quando negou a ampliação do partido no comando de ministérios. Os dois voltaram a se encontrar no fim da tarde desta quarta, véspera do encontro peemedebista, apesar do gabinete de Dilma apostar em um blefe do partido.

Dilma Rousseff chamou o vice-presidente para uma conversa em seu gabinete, no Palácio do Planalto. Após o encontro, Temer segue para o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, onde acontecerá o encontro do PMDB. Participarão do encontro os principais caciques do partido: os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e do Senado, Renan Calheiros (AL), os líderes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (CE), o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (AM) e o ex-presidente e senador José Sarney (AP).

A caminho de Brasília, o presidente da Câmara disse que o "clima está tenso". Outros dois participantes do encontro também admitem dificuldades na relação. "A única coisa que eu posso te dizer é que há uma insatisfação muito grande", acrescentou um senador. "Por que vou dar os cinco minutos de TV do PMDB para o PT?", insuflou um terceiro convidado para a reunião.

Os peemedebistas argumentam que o governo Dilma não tem dado a devida importância para um partido com o tamanho e a influência do PMDB, a segunda maior da Câmara e a maior do Senado. Eles afirmam que eram mais bem tratados no governo Lula, quando tinham seis ministérios de maior peso político - apesar de não ocasião não terem a vice-presidência.

Na reforma ministerial que Dilma prepara para as próximas semanas, os peemedebistas querem emplacar o senador Vital do Rêgo (PB) na pasta da Integração Nacional, responsável pela transposição do Rio São Francisco e com grande capilaridade no Nordeste. "A única coisa real é que a não confirmação do Vital para a Integração gerou uma insatisfação muito grande no PMDB", afirmou um líder partidário, ao lembrar que o senador paraibano foi um nome de consenso entre os peemedebistas do Congresso.

No cardápio do jantar, a cúpula do partido quer aproveitar a reforma que Dilma prepara para reforçar alianças com partidos da base - como o PP, PTB e o recém-nascido PROS - para aumentar sua participação na Esplanada dos Ministérios. Sem a confirmação da Integração Nacional, eles ensaiaram um movimento de abocanhar a pasta das Cidades, responsável pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Dilma, no entanto, já avisou a Temer que o ministério ficará com o PP. A presidente não quer que os progressistas apoiem em outubro o candidato de oposição, senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Outro ressentimento do partido é que nada avançou na construção das alianças regionais. Ao contrário, piorou desde a eleição da nova direção do PT, em novembro, momento em que os peemedebistas acreditavam que os acordos começariam a ser fechados. No Rio de Janeiro, no Piauí e talvez no Maranhão, por exemplo, petistas e peemedebistas devem estar em lados opostos nas disputas aos governos estaduais. Diante do impasse, alguns caciques avaliam até recorrer ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mentor político de Dilma, para resolver a questão.

Os peemedebistas estão em crise no namoro com a presidente. Alguns insuflados falam reservadamente até em acabar a relação, possibilidade considerada remota pelos mais realistas.

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