| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Animados com o apoio do PMDB do Rio, os aliados do vice-presidente Michel Temer já apostam em uma vitória arrebatadora na votação do diretório nacional do partido marcada para terça-feira (29). Agora, tentam negociar com a ala governista uma unanimidade em favor do rompimento com o governo. O encontro da sigla deve aprovar a entrega de cargos à presidente Dilma Rousseff, a começar pelos sete ministérios que o partido comanda.

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Temer chegou ontem à noite a Brasília para uma série de reuniões para combater focos de resistência governista. Para o vice-presidente, alcançar a unanimidade é importante para sinalizar politicamente que o PMDB está unido em torno dele e de seu eventual governo. Ele cogita inclusive presidir o encontro se sentir que pode transformá-lo num ato político a favor de sua chegada ao comando do País, aprovando o rompimento por aclamação.

Com receio de constrangimento, diretórios que ainda resistem em deixar os cargos vão preferir faltar à reunião de amanhã. É o caso dos cinco representantes da seção do PMDB no Pará. O grupo tem como principal liderança o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), cujo filho Helder é ministro da Secretaria de Portos. Na semana passada, Jader tentou, sem sucesso, convencer Temer a adiar para a reunião do diretório para 12 de abril.

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O primeiro nome da lista de conversas que Temer pretende ter amanhã é o do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Quer convencê-lo a apoiar o rompimento imediato. No entanto, aliados de Renan dizem acreditar que um acerto com ele seria “muito difícil”. Até o fim da semana passada, o senador e demais setores da ala governista preferiam ver “o governo cair de podre” em vez de romper agora.

Temer também deve reunir-se com o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia), que, até antes do feriadão, considerava o rompimento imediato algo precipitado.

Interlocutores do vice-presidente acreditam que os ministros que hoje resistem a abrir mão do cargo também mudarão de postura. “Até que ponto o governo os quer se eles não representarem um partido? O que eles representarão? Quantos votos terão? Zero, nada”, disse um aliado sob condição de anonimato. A ala oposicionista do PMDB disse querer aprovar na reunião de terça a expulsão de quem se recusar a desembarcar do governo.

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Para o senador Romero Jucá (PMDB-RO), o Planalto já demonstrou que não quer “membro do PMDB no governo”, ao demitir o presidente Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Antônio Henrique Pires, indicado por Temer. Ele foi exonerado no final da semana passada, em retaliação ao movimento pró-rompimento do partido.

Discurso

A defesa da unidade em torno da decisão a ser tomada na terça tem sido feita por diversos peemedebistas. “O ideal é que fosse por unanimidade, união total. Vamos buscar isso até o último momento”, afirmou Jucá, que tem trânsito tanto na ala contra como naquela a favor do rompimento.

Integrantes do núcleo duro de Temer apostam que a decisão de desembarque adotada pelo diretório do PMDB fluminense na última quinta-feira contaminará outros Estados. Ao menos dez dos 12 votos da seção do RJ deverão ser a favor do rompimento. O gesto ganha ainda mais força por Jorge Picciani, presidente do PMDB fluminense, ser pai do deputado federal Leonardo Picciani, líder da bancada na Câmara Federal, e até então principal defensor da aliança com Dilma. Procurado durante o feriado, Leonardo optou pelo silêncio.

Segundo maior diretório do partido no País, o PMDB de Minas Gerais também pode oficializar seu apoio ao desembarque do governo. Presidente da seção mineira, o vice-governador do Estado, Antonio Andrade, já avisou a integrantes da ala governista que não tem condições de garantir o apoio dos outros dez integrantes mineiros do diretório nacional.

Há apenas duas semanas, o PMDB de Minas emplacou o deputado Mauro Lopes (MG) como ministro da Secretaria de Aviação Civil. “O ministério foi dado contemplando o Mauro. Não vai influenciar a nossa decisão”, disse Andrade ao Estado. Os mineiros conversarão nesta segunda, mas só devem oficializar a decisão em almoço na terça. O vice-governador afirmou querer sair da reunião com uma decisão unânime. Vamos discutir até ver se conseguimos chegar a um consenso e a minoria seguir a maioria”, afirmou.

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Contas

O diretório nacional do PMDB é formado por 119 membros. A depender dos cargos que detém no partido ou no Congresso, um membro pode votar mais de uma vez. É por esse motivo que no total a disputa no diretório nacional envolve 155 votos.

Antes do apoio do PMDB do Rio, o grupo de Temer achava que teria 75% de apoio em favor do rompimento. A ala governista tinha ciência da derrota, mas apostava diminuir o tamanho da vitória dos oposicionistas. Na sequência, tentaria colar a versão de que Temer “não une o partido”.