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O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marco Antonio Desgualdo, voltou a classificar nesta segunda-feira como "crime comum" o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), ocorrido em janeiro de 2002. O fato novo, que justifica a reabertura do caso, segundo Desgualdo, é o surgimento de denúncias em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), de Brasília, relacionando o crime com investigações sobre corrupção na administração pública.

"Não está descartada a hipótese de crime comum, mas vamos tirar as dúvidas de uma vez por todas após as CPIs em Brasília indicarem que pessoas estão lidando com dinheiro público de forma errada", disse Desgualdo. As CPIs em Brasília, a que se refere o delegado, investigam corrupção em órgãos do governo federal e pagamento de mensalão a deputados para votarem em projetos de interesse do governo.

O chefe da polícia paulista segue na linha de investigação mesmo após o secretário estadual de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, ter escalado novos agentes para trabalhar no caso depois que a Justiça acatou requerimento do Ministério Público de rever as investigações a pedido da família de Celso Daniel.

Os irmãos do prefeito, ao lado dos promotores criminais de Santo André - responsáveis pelo caso -, defendem a tese de que Celso Daniel foi morto por tentar desmantelar um esquema de corrupção montado na prefeitura de Santo André.

Os promotores denunciaram, em abril do ano passado, o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, ex-segurança do prefeito, como o mandante do crime. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) determinou o inquérito como crime comum há três anos, indicando como autores do assassinato seis integrantes da Favela Pantanal (na divisa entre São Paulo e Diadema).

As duas investigações foram feitas de forma paralela, depois de os promotores não concordarem com as conclusões da apuração policial. "As CPIs de Brasília levantaram a possibilidade de que o problema da corrução seja o motivo do homicídio do prefeito. Eu tenho dúvidas, como policial e investigador, do raciocínio do Ministério Público a partir de deduções", afirmou Desgualdo.

O promotor Amaro José Thomé Filho, um dos responsáveis pela investigação, criticou a declaração de Desgualdo, afirmando que o delegado-geral "não leu a investigação do Ministério Público". "Quem acha que o assassinato do prefeito foi um crime comum, em uma sucessão de acasos, deve mudar de profissão. É uma pena que o delegado-geral emita sua opinião, quando nossa denúncia já foi aceita pela Justiça", disse Thomé Filho.

O delegado-geral da Polícia Civil afirmou que o trabalho a partir de agora será seguir "docilmente" o caminho das provas para descobrir por que a quadrilha da Favela Pantanal matou o prefeito. "O inquérito do DHPP não errou ao apontar crime comum, porque havia circunstâncias de um crime patrimonial. A partir de agora vamos procurar a ligação da corrupção ao crime", disse.

A delegada Elisabete Sato, do 78º Distrito Policial dos Jardins (Capital), foi indicada para conduzir a reabertura do inquérito. Elisabete trabalhará ao lado do delegado Maurício Correali, do Departamento de Inteligência da Polícia (Dipol).

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