Política, intimidades e provocações: nas redes sociais, Greca adota tom informal

Declarações sobre a gestão da cidade que em outros tempos seriam dadas com pompa e formalidade quase se perdem no turbilhão de publicações de Rafael Greca (PMN) nas redes sociais. Desde que foi eleito, em outubro de 2016, o prefeito já fez mais de uma centena de publicações em suas páginas pessoais no Facebook e no Twitter. Entre os posts – alguns mais institucionais, publicados pela assessoria, e outros pelo próprio prefeito – estão críticas à gestão de Gustavo Fruet (PDT), recomendações à equipe da prefeitura, relatos sobre seu estado de saúde e até fotos da mobília do apartamento onde mora – com direito a elogio ao bom gosto de sua esposa para decorar o imóvel.

Confira alguns posts “famosos” de Greca no Facebook

Um bom exemplo do modo Greca de utilizar o Facebook é a declaração que o prefeito deu em um comentário de uma postagem na rede social, conforme registrou o jornalista Rogério Galindo. Em meio a outra dezena de comentários de diferentes pessoas, o prefeito afirmou que ou aumenta o valor da passagem do transporte coletivo, ou a cidade continua com ônibus com a vida útil vencida nas ruas.

“Temos que demolir a ideia de caixa preta da Urbs. Abriremos tudo. Mas sem reajuste não dá pra renovar frota. Missa grátis não tem vela. Vela custa caro”, escreveu. Uma declaração que poderia estampar capa de jornal e que por pouco não passa desapercebida.

Como o próprio prefeito confirmou em uma entrevista via Facebook para a Gazeta do Povo, seu modo de administrar as redes sociais “enlouquece a assessoria”. Para evitar mal-entendidos, conta com a ajuda de sua esposa, a jornalista Margarita Sansone.

“A velocidade da informação é inimiga da ética, mas procuro escrever de forma clara, para não criar ruídos de comunicação. Margarita me ajuda, às vezes, reformando frases ou expressões que possam gerar interpretações dúbias”, afirmou.

Personalismo

Para Carlos Manhanelli, especialista em comunicação política e eleitoral, a estratégia de Greca está em consonância com as características da comunicação nas redes sociais.

“No Facebook e no Twitter a linguagem é mais informal. Para que você consiga pautar, ter uma audiência, tem que utilizar a linguagem usada nesses meios”, explica.

Segundo ele, postagens menos formais, com detalhes da intimidade ajudam a humanizar os políticos.

“Os políticos estão procurando se tornar mais humanos, mais próximos, mais parecidos com os eleitores, e isso leva a uma intimidade, que é o que todos querem”, afirmou.

Com pós-doutorado em comunicação política, a professora Luciana Panke, da UFPR, afirma que esse personalismo nas redes é uma tendência na comunicação política e colabora para a manutenção da imagem pública dos gestores. Entretanto, ela faz uma alerta.

“Toda publicação deve ser pensada; é uma aparente espontaneidade, mas é preciso ser cuidadoso. As publicações repercutem e podem manchar a imagem da gestão, de toda a equipe”, alerta.

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