As respostas dos deputados revelam, na opinião de analistas consultados pela Gazeta do Povo, o que eles realmente pensam e também o que gostariam que os eleitores acreditassem que pensam. Essa mistura entre imagem pública e interesses particulares transparece na aparente incoerência entre o desejo manifesto de mudanças na forma de fazer campanha eleitoral e a vontade latente de lutar pela sobrevivência política.
Quatro em cada cinco deputados salientam a necessidade da reforma política, principalmente destacando a questão da fidelidade partidária, mas demonstram não ter conhecimento pleno e opinião formada sobre assuntos que estão em debate no Congresso Nacional e podem ser aprovados nos próximos dias.
Essa situação é preocupante na opinião do professor de ciência política da faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fabrício de Limas Tomio. "Se nem os políticos conhecem as principais mudanças que podem surgir com a reforma política, imagine como está o povo", questiona.
Para o professor de Ciência Política da UFPR, Ricardo Costa de Oliveira, muitos deputados assumem que não querem a reforma política porque se beneficiam dessa situação. "Eles têm a percepção do que é melhor pra eles e pensam na própria sobrevivência política", destaca. Para Oliveira, os representantes da população encontram dificuldade de pensar no que é melhor para o coletivo. "Aqueles que vêem com otimismo a manutenção do sistema são os políticos que se sentem seguros na atual situação", diz.
Essa posição individualista se revela, por exemplo, na defesa ou não da mudança para o voto distrital. Os que são eleitos com votação bem distribuída, em várias regiões do estado, acreditam que a manutenção do sistema proporcional é mais apropriada, com base no argumento de que os legisladores precisam se preocupar com os interesses de todo o estado. Já os políticos que têm votação concentrada em poucas cidades, defendem o voto distrital.
Os especialistas consultados avaliam que a implantação de um sistema misto é mais plausível, pois conseguiria atender a interesses distintos. O que se reflete também na preferência por um modelo híbrido, na opinião da maioria dos deputados estaduais. (KB)
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