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O deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), acusado de ter intermediado a transferência de recursos, sem prestação de contas ou comprovação da origem, entre a agência de publicidade SMPB, do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, e o PTB, foi absolvido na noite desta quarta-feira.

Por 250 votos a 162, Queiroz foi considerado inocente por seus colegas, que votaram secretamente o parecer do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que recomendava a cassação do mandato. Outros 22 parlamentares optaram pela abstenção. Houve 8 votos em branco e um nulo. Para a cassação, seriam necessários 257 votos a favor do parecer do Conselho. O processo, movido pelo Partido Liberal, irá para o arquivo.

Em seu discurso, antes da abertura da votação, Queirozafirmou, em tom emocionado, confiar no senso de justiça da Câmara. Ele informou que, no final de 2003, recebeu do então presidente nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, a incumbência de "buscar recursos de uma doação feita pelo PT ao PTB". Queiroz alegou não ter se beneficiado "de um centavo sequer" dos recursos.

- Não pensei que o dinheiro tivesse má origem. Ele teve um doador certo, que era o PT, e um destino certo, o PTB. A Lei Eleitoral (9504/97) permite doações entre partidos - argumentou.

Ele atribuiu a responsabilidade de seu caso ao beneficiário de doação.

- A responsabilidade pela contabilização dos recursos não era minha, mas de quem fez e recebeu a doação - argumentou.

Queiroz desmentiu ainda ter feito acordo com outros deputados ameaçados de cassação para que votassem a seu favor, em troca da abertura de precedente que os favorecesse mais tarde. O deputado disse ter feito um trabalho individual de convencimento junto a cerca de 500 deputados, aos quais explicou sua versão dos fatos.

O líder do PSB, deputado Renato Casagrande (ES), disse que o resultado da votação do processo contra o petebista Queiroz pode indicar o comportamento do Plenário nos outros casos de perda de mandato.

- Essa votação tem um certo simbolismo - afirmou.

Vários deputados se manifestaram antes e durante a votação.

O deputado Carlos Willian (PMDB-MG) pediu a absolvição de Queiroz. Segundo ele, Queiroz deve ser comparado aos grandes políticos de Minas Gerais, como Tancredo Neves, e não às pessoas que atualmente mancham a imagem do estado.

- Ele pecou, mas pela sua característica de ser companheiro nos momentos difíceis. Ele quis ajudar os candidatos do PTB e não usou para si próprio os recursos que o partido recebeu do PT - afirmou Carlos Willian.

Segundo o deputado, a pena para esse erro deveria ser mais branda.

- A cassação é uma pena de morte - alegou.

Já o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) pediu a perda de mandato do deputado Romeu Queiroz. Segundo Alencar, a decisão dos deputados sobre o caso deve ser política, e não emocional.

- Não podemos nos dar por satisfeitos porque os ex-deputados José Dirceu e Roberto Jefferson foram cassados e alguns espertos renunciaram. É preciso punir o uso irregular de recursos nas campanhas para superar o apequenamento da democracia brasileira - argumentou.

O deputado Babá (Psol-PA) também defendeu na noite desta quarta-feira a perda de mandato de Queiroz.

- Ele recebeu dinheiro do valerioduto para alimentar as campanhas de candidatos a prefeitos. Como se pode dizer que isso não é crime? - questionou.

De acordo com Babá, o PT comandou "um vergonhoso esquema de corrupção" e a população quer justiça.

- Neste caso, a justiça é cassar todos os envolvidos, e Queiroz esteve envolvido com outros deputados no escândalo de corrupção - afirmou.

Outro que também defendeu a perda do mandato de Romeu Queiroz foi o deputado João Fontes (PDT-SE). Ele disse que Queiroz deve ser cassado, apesar de não ser corrupto.

- Vossa excelência foi prejudicado pelas más companhias - afirmou, dirigindo-se a Queiroz.

De acordo com João Fontes, Queiroz errou ao intermediar a transferência de recursos do PT para o PTB sem prestação de contas.

- A culpa maior é do PT, mas o PT não arquitetou sozinho todo esse esquema de manipulação de dinheiro ilegal - afirmou.

O deputado Orlando Fantazzini (Psol-SP) também recomendou a perda de mandato do deputado Romeu Queiroz. A Câmara, segundo Fantazzini, precisa deixar claro que o caixa dois na política não é algo natural.

- Queiroz sabia que estava transportando recursos irregulares para campanhas eleitorais. Portanto, não há inocência neste caso - argumentou.

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