Único partido governista a reclamar publicamente da presidente Dilma Rousseff, o PR está sendo usado como cavalo de Troia por parte dos aliados, em especial pelo PMDB, para expor a insatisfação da base com o governo. A estratégia é se esconder atrás do PR para enfrentar o governo e, dessa maneira, tentar se preservar de eventuais represálias futuras do Palácio do Planalto.

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A tática da base para peitar a presidente Dilma na Câmara e, ao mesmo tempo, não se expor foi posta em prática com a criação de um bloco informal, integrado por PR, PMDB, PTB, PSC e PP. Juntos, os cinco partidos somam mais de 200 deputados, o suficiente para impedir qualquer votação e paralisar os trabalhos da Câmara. Idealizado por peemedebistas, o bloco rapidamente contou com a adesão dos quatro partidos.

"O PR não está sozinho: há uma clara insatisfação na base", afirma o líder do PR na Câmara, deputado Lincoln Portela (MG). "Ninguém esconde que há uma insatisfação na base", completa o líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO). "Esse bloco só é possível porque todo mundo está muito insatisfeito não só com o atraso na liberação das verbas de emendas dos parlamentares, mas também com tratamento dispensado pela presidente Dilma aos deputados", resume um parlamentar peemedebista.

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Ameaça

O PR foi o único partido da base que até agora teve uma atitude clara de irritação com a presidente. O partido estuda sair formalmente da base do governo, declarando-se independe já na próxima terça-feira.

Cerca de 70% do partido estaria favorável à nova posição. "Mas não vamos fazer oposição", observa uma liderança do partido. A posição do PR deverá ser anunciada pelo ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM), em pronunciamento no Senado. O PR ficou magoado com o tratamento dado por Dilma a Nascimento, que foi uma das primeiras vítimas da faxina promovida no Ministério dos Transportes.

Os próximos passos dos aliados serão ditados a partir do resultado da reunião da base governista com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, também programada para terça-feira. Em conversas reservadas, líderes partidários avisaram que não bastará a promessa de liberação de verbas de emendas de parlamentares ao Orçamento a partir do mês que vem. Essas mesmas lideranças lembram que, no fim de junho e início de julho, o governo também se comprometeu com o pagamento das emendas parlamentares. "Voltamos do recesso e nada! Não liberaram um vintém furado", reclamou um líder governista.

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