Em Curitiba, na última sexta-feira (4), o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) começou sua pré-campanha à presidência do Brasil em 2018. Conhecido por seus comentários de cunho racista, machista e homofóbico, o parlamentar trocou o PP pelo PSC na última terça-feira (1º) para se lançar candidato. Ele defendeu uma política de redução do tamanho do estado e voltou a defender a ditadura militar. Ele também disse que o rótulo de preconceituoso é uma “invenção” da esquerda.
A pré-campanha de Bolsonaro foi ajudada por uma coincidência. Inicialmente, ele participaria apenas de um evento na Assembleia sobre a questão do armamento, promovido pela Guarda Municipal. Entretanto, no mesmo dia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi alvo de um mandado de condução coercitiva. O deputado aproveitou a brecha e, junto com cerca de 50 apoiadores, soltou rojões, tirou selfies e deu entrevistas na frente da sede da PF.
Bolsonaro está desde o início do ano visitando diversas capitais do país, e chegou a ser alvo de uma “purpurinada” em Porto Alegre, no dia 26 de janeiro. Entretanto, apenas no dia 1º ele confirmou sua pré-candidatura à presidência.
Candidatura
Para concretizar sua campanha, o deputado trocou o PP pelo PSC. “Mudei de partido com a intenção de ser candidato a presidente. Hoje, as pesquisas me dão 2% de intenção de voto e como nunca fui candidato a nada no Executivo fico abaixo de outras pessoas. Minha proposta é completamente diferente. É uma proposta à direita”, revelou.
Em frente à sede da PF falou brevemente sobre seus projetos caso assuma a presidência da República. “Temos que diminuir o peso desse estado. Quando o estado é mais pesado, é mais difícil para todo mundo”, diz. Ele também defendeu a ditadura militar – dizendo ser defensor “da verdade que foi deturpada” pela Comissão Nacional da Verdade.
Sobre a contradição entre defender, ao mesmo tempo, o estado-mínimo e as políticas de estado da ditadura, ele disse que “naquele momento se fazia necessário”. “O mundo evolui, hoje em dia você tem que diminuir a quantidade de estatais”, disse. Em 1999, Bolsonaro chegou a defender publicamente o fuzilamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) pelas privatizações realizadas durante seu governo.
Bolsonaro disse, ainda, que não se considera um radical, e que, se for eleito, espera ter um Congresso eleito mais próximo de suas posições políticas. “Sou visto como radical pela esquerda radical. Entendo que quem votar em mim em 2018, vai votar em alguém com um perfil parecido com o meu”, disse.
Homofobia
O pré-candidato negou, ainda, que seja uma pessoa preconceituosa. “Essa coisa de homofobia é um rótulo que colocaram em mim. Não tenho nada contra homossexual, minha briga foi e continua sendo contra o material escolar [kit anti-homofobia]. Nada contra homossexual, cada um é feliz do jeito que entender”, disse. “E digo mais: do jeito que a economia está indo, ninguém vai ser feliz, seja homo ou seja hétero”.
Em 2011, o deputado declarou que homossexualidade é “falta de porrada” por parte dos pais, e que não teria filhos gays porque seus filhos tiveram uma “boa educação”. Ele foi condenado a pagar uma indenização de R$ 150 mil pela declaração. Em entrevista à Playboy, ele disse ainda que preferia que seu filho morresse do que ele “virasse” homossexual.
Na mesma ocasião, ele foi questionado pela cantora Preta Gil sobre como reagiria se um filho seu namorasse uma mulher negra. Ele respondeu que “não discutiria promiscuidades” e que seus filhos “não viveram em ambiente como lamentavelmente é o seu [da cantora]”. Nesse caso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) entendeu que não havia elementos suficientes para processá-lo por racismo.
Em 2014, ele também deu declarações fortemente misóginas contra a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). “Há poucos dias você me chamou de estuprador e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece”, disse o deputado, que foi condenado, em 2015, a indenizar a deputada por essas declarações.
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