A prefeitura de Bom Jardim (a 275 km de São Luís) está com as atividades paralisadas desde a última quinta-feira (20 ), quando a prefeita Lidiane Leite (PP), investigada por suspeita de desviar recursos das escolas municipais, fugiu da cidade. Ela é conhecida por publicar nas redes sociais fotos nas quais aparece ostentando luxo.
Na quinta-feira, foram presos Beto Rocha, marido da prefeita foragida e ex-secretário de Assuntos Políticos, e o também ex-secretário Antônio Cesarino, que havia sido afastado da pasta da Agricultura no ano passado após denúncias de corrupção.
Segundo o vereador Marconi Mendes (PSB), a Câmara está impedida de avançar com um processo de impeachment por causa de uma liminar concedida pelo Tribunal de Justiça do Maranhão. “Não se sabe como será. Nada está sendo feito até que [um eventual afastamento] seja definido”, diz o vereador.
PF divulga aviso para quem ajudar prefeita foragida a se esconder
- Rio
A Polícia Federal segue em busca de Lidiane Leite (PP), prefeita de Bom Jardim, município a 275 km de São Luís, no Maranhão. Lidiane, de 25 anos, está foragida desde o dia 20 de agosto, quando foi deflagrada a operação Éden, que investiga denúncias de verbas de educação no município, esquema que a prefeita teria participação. Conforme divulgou o G1,a Polícia Federal lançou um alerta no final de semana para quem ajudar a esconder a foragida, que chamou atenção por ostentar uma vida de luxo nas redes sociais. Os que acobertarem Lidiane serão considerados integrantes de organização criminosa.
Segundo o superintendente da PF no Maranhão, Alexandre Saraiva, pelo tempo que a prefeita está escondida, é muito provável que esteja recebedo ajuda de outras pessoas. Saraiva conta que a população tem ajudado com informações e que a PF espera prender a foragida ainda nesta semana.
São investigadas transferências de aproximadamente R$ 1 mil da conta da prefeitura para a de Lidiane. Juntos, os depósitos chegam a R$ 40 mil em um ano. Lidiane já havia sido afastada do cargo outras vezes. A primeira foi em 2014 por denúncias de improbidade administrativa, quando retornou ao cargo 72h depois devido a uma liminar da Justiça. Em dezembro de 2014, a Justiça do Maranhão determinou o afastamento da prefeita pelo prazo de 180 dias em dezembro de 2014 pela falta de regularização das aulas e do fornecimento de merenda e de transporte escolar em Bom Jardim.
Lidiane se tornou prefeita aos 22 anos em 2012, quando seu namorado na época, Beto Rocha, teve candidatura impugnada pela Lei da Ficha Limpa.Ela assumiu a disputa no lugar de Rocha e foi eleita.
A prefeita já havia sido afastada em outras três ocasiões, duas delas por pedidos da Câmara Municipal: em abril de 2014, por improbidade administrativa, e em maio deste ano, pelos indícios de corrupção nas escolas de Bom Jardim. Nos dois casos, foi reconduzida ao cargo por meio de liminar em apenas 72 horas.
O terceiro caso ocorreu em dezembro de 2014, quando a Justiça determinou o afastamento da prefeita por 180 dias por não cumprir decisão de outro processo do Ministério Público estadual, também relacionado à gestão dos recursos públicos na educação.
Nas eleições de 2012, o marido de Lidiane era candidato a prefeito de Bom Jardim pelo PMN. Sua candidatura foi indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base da Lei da Ficha Limpa e, 24 horas antes da votação, ela assumiu a vaga do então namorado e venceu a eleição.
Como prefeita, Lidiane compartilhava fotos na rede social Instagram em que aparecia em selfies segurando taças de champanhe em micaretas, posando com um personal trainer ou com amigos em um jet ski.
Em uma postagem, diz a uma seguidora: “Antes de ser prefeita eu era pobre, tinha uma Land Rover. Agora estou numa SW4 [automóvel cujo modelo mais simples tem preço de tabela a partir de R$ 130 mil]. Devia era comprar um carro mais luxuoso porque graças a Deus o dinheiro está sobrando”.
Para a mesma seguidora, ainda afirmou: “Eu compro o que eu quiser, gasto sim como eu quero. Não estão nem aí para o que acham. Beijinho no ombro para os recalcados”.
Segundo dados do IBGE, a renda média domiciliar per capita é de R$ 193,77 em Bom Jardim, um dos 30 municípios com os piores índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) no Maranhão.
Investigação
A investigação sobre desvios de recursos está sendo conduzida pelo Ministério Público Federal e pelo Gaeco, do Ministério Público maranhense.
A gestora é acusada de desviar recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), da reforma das escolas e das refeições destinadas aos estudantes.
Segundo Danilo Mohana, advogado do município de Bom Jardim, o casal ainda não tem advogados constituídos. A vice-prefeita, Malrinete Galhada (PPS), afirmou que a questão está sendo conduzida pela Câmara Municipal e que não iria comentaria o caso. “Estamos todos aguardando uma posição da Justiça.”
A reportagem não conseguiu contato com a defesa do ex-secretário da Agricultura Antônio Cesarino.
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